Consumidores mais jovens são 7x mais propensos a exercerem seus direitos sobre os dados, de acordo com nova pesquisa da Cisco
A Pesquisa de Privacidade do Consumidor 2023 da Cisco (Consumer Privacy Survey) revela que os consumidores mais jovens estão tomando medidas para proteger sua privacidade.
A Pesquisa de Privacidade do Consumidor 2023 da Cisco (Consumer Privacy Survey) revela que os consumidores mais jovens estão tomando medidas para proteger sua privacidade. (Foto: Unsplash)
A Cisco (NASDAQ: CSCO) publicou sua Pesquisa de Privacidade do Consumidor 2023 (em inglês, Consumer Privacy Survey), uma análise anual das percepções e comportamentos dos consumidores em todo o mundo em relação à privacidade de dados. A pesquisa deste ano destaca como os clientes mais jovens estão adotando medidas deliberadas para proteger a sua privacidade, uma vez que 42% dos pesquisados, com idades entre 18 e 24 anos, exercem o direito de pedido de acesso dos titulares dos dados (Data Subject Access Rights), em comparação a apenas 6% dos consumidores com 75 anos ou mais.
Muitos dizem que perderam a confiança nas organizações devido ao uso da Inteligência Artificial (IA), e 50% dos entrevistados recorrem ao governo para definir regras e aplicar proteções de privacidade. A pesquisa também fornece insights iniciais sobre a IA generativa, revelando que apenas 12% dos entrevistados se identificam como usuários regulares desta tecnologia.
Inteligência Artificial e questões de privacidade
De compras a serviços de streaming e cuidados de saúde, 48% dos entrevistados concordam que a inteligência artificial pode ser útil para melhorar as suas vidas. A maioria dos entrevistados (54%) disse estar disposta a compartilhar seus dados pessoais de forma anônima para ajudar a melhorar os produtos de inteligência artificial e a tomada de decisões.
No entanto, 62% dos consumidores pesquisados expressaram preocupação sobre a forma como as empresas estão utilizando atualmente os seus dados pessoais para a inteligência artificial, com 60% afirmando que já perderam a confiança nas organizações devido ao uso de inteligência artificial.
“A Inteligência Artificial, em sua essência, é alimentada por dados. Portanto, é imprescindível que sejam implementadas medidas eficazes para proteção dos dados pessoais e a privacidade dos seus titulares, como, por exemplo, anonimização de dados, criptografia e machine learning com privacidade, além da constante atualização das leis e regulamentos de proteção de dados. À medida que a IA se integra em mais aspectos das nossas vidas, é necessário manter a confiança dos usuários”, comenta Marcia Muniz, Diretora Jurídica da Cisco América Latina e Canadá.
“O mundo está assistindo como as empresas abordarão a inteligência artificial de maneira responsável”, diz Dev Stahlkopf, vice-presidente executivo e Chief Legal Officer da Cisco. “Para a Cisco, isso significa manter um grande foco no respeito à privacidade e aos direitos humanos à medida que incorporamos a tecnologia de inteligência artificial.”
IA generativa: a contradição da privacidade
A pesquisa também fornece um panorama inicial do uso de IA generativa e alguns dos possíveis riscos e desafios de privacidade. A tecnologia ainda é relativamente nova para a maioria das pessoas. Mais da metade (52%) dos entrevistados disseram não ter conhecimento dela.
Dos que utilizam a IA generativa regularmente (12%), apenas metade indicou que evitava inserir informações pessoais ou confidenciais nos aplicativos de inteligência artificial generativa. Ou seja, outros 50% podem de fato estar inserindo informações pessoais ou confidenciais - isto apesar de 88% dos entrevistados terem indicado que ficariam “um pouco” ou “muito” preocupados se os seus dados inseridos na inteligência artificial generativa fossem compartilhados.
Consumidores jovens defendem a privacidade de dados
Este ano, 33% dos entrevistados são considerados “Privacy Actives”: eles estão preocupados com a privacidade, estão dispostos a protegê-la e agiram, por exemplo, mudando de empresa ou fornecedor devido às suas políticas de dados ou práticas de compartilhamento de dados. No Brasil, esse dado é maior: 42% dos entrevistados. Os clientes mais jovens são os mais dispostos a adotar medidas para proteger a sua privacidade. 42% dos clientes, com idades entre 18 e 34 anos, são Privacy Actives, uma porcentagem que diminui progressivamente com a idade.
A porcentagem de clientes que solicitam exclusão ou alteração de dados subiu para 19%, ante 14% no ano passado. Mais uma vez, isto está altamente correlacionado com a idade: 32% dos consumidoress com idades entre 18 e 24 anos fazem pedidos de eliminação ou alteração de dados, em comparação com apenas 4% dos clientes mais velhos.
O conhecimento do público sobre as leis de privacidade ainda é relativamente baixo, com 46% dos entrevistados cientes das leis de privacidade do seu país. Aqueles que estão cientes da lei são mais propensos a sentir que podem proteger adequadamente os seus dados: apenas 40% daqueles que não conhecem a lei do seu país sentem que podem proteger os seus dados, em comparação com 74% daqueles que estão cientes da lei. 68% dos clientes, com idades entre 18 e 24 anos, acreditam que podem proteger os seus dados, e este número diminui gradualmente para 47% dos clientes com mais de 65 anos.
Papel das leis e dos governos
Muitos clientes recorrem ao governo para definir a norma de tratamento de dados pessoais e aplicar proteções de privacidade. Metade (50%) dos entrevistados disse que o governo (nacional ou regional) deveria ter o papel principal na proteção dos dados, enquanto 21% disseram que as empresas privadas deveriam ser as principais responsáveis por isso. No Brasil, 49% apontaram o governo como principal agente na proteção dos dados e 24% indicaram as organizações privadas.
“À medida que os governos aprovam leis e as empresas procuram conquistar confiança, os clientes também devem tomar medidas e utilizar a tecnologia de forma responsável para proteger a sua própria privacidade”, afirma Harvey Jang, Vice-Presidente da Cisco, Conselheiro Geral Adjunto e Chief Privacy Officer.
Os clientes estão divididos quanto ao valor da localização de dados, a prática de manter os dados dentro da região de origem. A maioria já ouviu falar sobre essa prática e 76% indicaram inicialmente que a localização dos dados pode ser boa. No entanto, ao considerar o custo associado a ela, encarecendo assim os produtos e serviços, apenas 44% são a favor da prática. No Brasil, apenas 42% são a favor.
* A pesquisa foi anônima e analisou as respostas de 2.600 adultos em 12 países (Austrália, Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, México, Espanha, Reino Unido e EUA) onde os entrevistados não sabiam quem estava conduzindo o estudo e cada entrevistado também era desconhecido dos pesquisadores.