62% dos funcionários usam IA nas suas tarefas no trabalho, mesmo sem treinamento pelas empresas
Millennials são os que mais utilizam IA no trabalho no Brasil.
Mesmo sem iniciativa das empresas, trabalhadores usam IA no ambiente de trabalho. (Foto: Freepik)
À medida que a inteligência artificial (IA) se torna uma presença crescente na sociedade, seu impacto no ambiente de trabalho também começa a ser notado. Embora muitas empresas ainda estejam tímidas na adoção formal dessa tecnologia, o uso orgânico de IA pelos colaboradores vem acontecendo. Segundo pesquisa da Talk Inc, 1/3 dos brasileiros no mercado de trabalho afirmam que as empresas estão adotando essa tecnologia. Mas o uso das pessoas independe da adoção das empresas, e extrapola para o trabalho, mesmo sem que os empregadores tenham conhecimento.
A Talk.inc desenvolveu uma pesquisa sobre o uso da Inteligência Artificial no Brasil. A pesquisa ouviu brasileiros das cinco regiões do país, de diferentes classes sociais e que trabalham em diferentes setores. De acordo com a pesquisa, 18% dos entrevistados utilizam IA tanto no trabalho quanto no cotidiano.
Esse fenômeno desperta discussões importantes sobre o papel da IA na transformação dos processos de trabalho e sobre a autonomia das equipes em explorar novas ferramentas para aumentar a produtividade. A pesquisa também revela que o uso de IA é mais prevalente entre indivíduos com até 39 anos. A Geração Z (18-24 anos) tende a adotar a tecnologia principalmente para uso pessoal, enquanto os Millennials (30-39 anos) a utilizam mais no ambiente de trabalho.
“Essas tecnologias chegaram para colaborar no ambiente de trabalho. Muitas pessoas entrevistadas relatam usar sem que seus chefes ou colegas saibam. Com certeza um uso construído em conjunto entre funcionários e empresa seria benéfico para ambas as partes, já que estudos fora do Brasil mostram que empresas que usam IA apontam crescimento de até 20% em sua produtividade”, comenta Carla Mayumi, sócia fundadora da Talk Inc.
O uso da IA no ambiente de trabalho pode ser classificado em três principais vertentes:
Uso estruturado nas empresas: algumas organizações já começaram a adotar a IA, incorporando-a em suas operações diárias. Há muitos casos mencionados, entre eles advogados que utilizam IA para redigir cláusulas de contratos, programadores que usam a IA para limpar códigos, gerentes de clínica com automatização de agendamentos e um uso intenso ligado a produções de texto.
Uso orgânico pelos colaboradores: muitas pessoas têm realizado suas tarefas sem o conhecimento ou a autorização formal das empresas. Esse uso ‘não oficial’ abrange atividades como a redação de textos e e-mails, geração de imagens, automatização de tarefas, entre muitos outros usos. Essa prática aumenta a eficiência individual e quando existe abertura para ser relatado, pode fazer com que a empresa ganhe eficiência. Um exemplo disso foi uma funcionária que, ao recomendar o uso da IA à sua empresa, conseguiu a aprovação do chefe, resultando no desenvolvimento de uma solução interna baseada nessa tecnologia.
IA como ferramenta para trabalhos paralelos: outra vertente interessante, que reflete uma tendência crescente nas novas gerações, é o uso da IA por colaboradores que desejam explorar a produtividade em atividades fora do emprego principal. Isso possibilita a criação de trabalhos paralelos que não seriam viáveis sem o auxílio dessa tecnologia, diversificando as fontes de renda das pessoas, aproveitando a eficiência proporcionada pela IA para conciliar diferentes ocupações. Caso de um consultor financeiro com um emprego formal que consegue fazer projetos de consultoria "por fora" graças ao tempo ganho com uso de IA em ambas as frentes, a oficial e a não oficial.
Esse uso orgânico e não estruturado da IA no ambiente de trabalho evidencia que muitas empresas podem estar atrasadas na adoção formal dessa tecnologia. Enquanto isso, os colaboradores já estão à frente, aproveitando as possibilidades da IA para aprimorar seu desempenho e produtividade. “Esses exemplos mostram como a IA pode ser uma aliada poderosa na otimização de tarefas específicas e na melhoria da eficiência profissional. Em um cenário em que o tempo é escasso e as jornadas de trabalho nem sempre são ideais, essas ferramentas permitem que os trabalhadores gerenciem suas rotinas de forma mais eficiente e produtiva”, afirma Tina Brand, cofundadora da Talk.