Sete a cada dez funcionários dizem que sua empresa se tornou mais produtiva nos últimos três anos
Aumento da produtividade ocorreu em regime de trabalho predominantemente remoto ou híbrido, que foi adotado inicialmente como resposta à pandemia, mas que se estabeleceu nas organizações.
Aumento da produtividade ocorreu em regime de trabalho predominantemente remoto ou híbrido, que foi adotado inicialmente como resposta à pandemia, mas que se estabeleceu nas organizações. (Foto: Freepik)
Nos últimos três anos, 32% dos funcionários brasileiros consideram que a produtividade da sua empresa tenha se tornado significativamente maior. Já 42% dizem que ela se tornou um pouco maior. Somando esses resultados, 74% dos colaboradores afirmam que houve aumento da produtividade das suas empresas nesse período. Os dados são do estudo Trabalho Reimaginado, elaborado pela EY, que considerou uma amostra formada por 300 respondentes. Já no mundo, 16% consideram significativamente maior e 39% um pouco maior, o que dá 55% no total. Essa percepção sobre o aumento da produtividade no Brasil e no mundo ocorreu em regime de trabalho predominantemente remoto ou híbrido, o que pode indicar que aspectos como maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional têm contribuído para esse cenário positivo nas organizações.
Esse equilíbrio é apontado pelos respondentes brasileiros (42% deles) como o maior desafio enfrentado para ser produtivo no ambiente de trabalho. Na sequência, o trajeto até o trabalho, com 27% das respostas. Em terceiro lugar, aparece a distração, com 25%. Todos esses desafios citados são solucionados em grande medida pelo modelo remoto ou híbrido. Nas grandes cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o trânsito faz com que os colaboradores percam muitas horas por semana no deslocamento, afetando a qualidade de vida e, por consequência, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“Já a distração está relacionada com a produtividade na medida em que deixa o colaborador sem foco ou com dificuldade para se concentrar em uma demanda, já que constantemente é interrompido por um e-mail, uma mensagem ou uma reunião. O presencial envolve ainda mais distração porque facilita a interação, que pode, muitas vezes, não ser produtiva”, diz Oliver Kamakura, sócio de consultoria em gestão de pessoas da EY para o Brasil. “O mercado relaciona produtividade com número de entregas naquela famosa máxima de fazer mais com menos. Essa é uma forma de olhar a produtividade de forma incompleta. É importante considerar como o profissional chegou a determinado resultado. Isso porque a produtividade é consequência das iniciativas criadas para melhorar a capacidade de foco e de produção”, completa.
Nesse raciocínio, caso determinado objetivo não tenha sido alcançado, é preciso buscar os motivos para isso, o que somente é possível ao analisar o dia a dia dos funcionários. Por essa avaliação, passa a questão da distração, avaliando se a organização não está interrompendo demais o cotidiano do profissional, com reuniões desnecessárias que poderiam ser resolvidas em uma troca de e-mails, além de verificar se as tarefas que exigem concentração estão sendo feitas em ambiente silencioso, como geralmente é o de casa, motivo pelo qual o remoto é preferível.
Presencial é para relacionamento
Os próprios funcionários sabem quais as tarefas mais relevantes no presencial, ainda segundo o estudo Trabalho Reimaginado. Quando perguntados sobre aquilo que define o desejo de estar no escritório, 37% dos respondentes brasileiros dizem estar socialmente conectados. No mundo, essa porcentagem é de 34%. O segundo aspecto mais mencionado é “tecnologia disponível no local de trabalho”, com 33% dos brasileiros e 18% no mundo. O terceiro e quarto lugares têm relação com o primeiro, já que 32% dos entrevistados brasileiros afirmam que seu desejo de estar no escritório se deve a construir ou manter relacionamentos, enquanto outros 26% para colaborar com colegas. No mundo, essas porcentagens são de 27% em ambos os casos.
Por fim, a pesquisa perguntou se os colaboradores consideram que suas empresas avaliam que eles estejam mais produtivos agora do que antes da pandemia. Na amostra brasileira, mais de sete a cada dez (73%) pensam que sim (32% concordam fortemente e 41% concordam). Já na mundial, 59% têm essa mesma percepção (19% concordam fortemente e 40% concordam).
Engajamento
Como não há produtividade sem engajamento, a empresa precisa mensurar o grau de satisfação dos seus colaboradores. Simplificar o dia a dia, por meio da priorização de atividades, está entre as medidas para isso.
“Muitas empresas perguntam sobre como engajar seus colaboradores. É preciso em primeiro lugar ter clareza sobre o que ela tem que fazer nos negócios, definindo os objetivos de cada área. Depois disso, clareza sobre o que esperam dos funcionários. E, por fim, clareza sobre como promover o mínimo entrosamento entre os funcionários para que haja colaboração entre eles”, diz Oliver. “Ao mesmo tempo, a empresa precisa comunicar esses direcionamentos, alinhando as iniciativas a critérios claros e objetivos que se aplicam a toda a organização”, finaliza.
Estudo abrangente
Na quarta edição do Trabalho Reimaginado, o estudo entrevistou mais de 17 mil funcionários e 1.575 empregadores em 22 países e 25 setores industriais. Foram mapeados diversos temas relacionados a esse universo, que tem se transformado nos últimos anos com a ascensão de novos modelos de trabalho e da tecnologia. Na amostra brasileira formada por 400 respondentes (empregados e empregadores), 60% das empresas têm entre mil e dez mil funcionários; 76% dos entrevistados fazem parte das gerações Y e Z; e 71% das empresas mantêm operações em até quatro países.