Você sabe o que é Gaslighting e como o Canal de Denúncias ajuda a combatê-lo?
Compreender melhor o que é gaslighting é fundamental para corrigir possíveis condutas em empresas, bem como, amenizar os prejuízos que esse comportamento pode trazer para saúde mental dos colaboradores, afirma especialistas.
Compreender o comportamento ajuda a enender como isso pode afetar negativamente a rotina das empresas (Foto: Mariana Montrazi / Pexels)
Nós sabemos que a pronúncia dessa palavra pode parecer complicada, assim como a compreensão do seu sentido na língua portuguesa.
Entretanto, este termo ganhou destaque em uma série de debates atuais, que se iniciaram no cenário das discussões sobre gênero e diversidade, mas que hoje tem se expandido para as questões do universo corporativo e as possíveis irregularidades que se desenvolvem nessa área.
Entender melhor o significado do gaslight e compreender como esse comportamento pode afetar negativamente a rotina das empresas, trazendo prejuízos para a saúde mental das pessoas que se tornam vítimas dessas ações nas organizações é indispensável para todas as organizações independente do segmento e porte.
Gaslighting: o que é?
Da língua inglesa, gaslighting é um termo que surgiu em um filme norte-americano, lançado em 1944, intitulado de “Gas-light” (À meia luz).
Na trama, um homem se mobiliza para manipular sua esposa e as pessoas com as quais mantinham laços, para que todos acreditassem que ela estaria louca.
Desde então, o termo passou a identificar o tipo de violência psicológica que ocorre quando uma pessoa “distorce” a realidade dos fatos, “omitindo” ou “inventando” informações sobre algo ou alguém, com a intenção de se auto-beneficiar em determinadas situações, criando uma “atmosfera de dúvida”, gerando insegurança e manipulando a vítima (que pode ser uma pessoa ou um grupo) para duvidar do seu potencial, memória ou até mesmo sanidade.
Ainda que a ocorrência do gaslighting possa ser mais comumente identificada em formas de relacionamento como os familiares e amorosos, essa vertente de abuso também está presente dentro das empresas.
Esse padrão irregular pode ser percebido em alguns “modos de agir”, como por exemplo:
- A criação de prazos que não existiam antes, colocando-os como previamente existentes, na tentativa de confundir um profissional ou uma equipe.
- Quando orientações sobre a execução de demandas são transmitidas de forma propositalmente errada para descredibilizar a vítima na entrega de um trabalho ou projeto, imprimindo uma falsa imagem de desorganização ou “memória falha” para o colaborador.
- Entre outros inúmeros casos do gênero.
Vale ressaltar, que essas atitudes, apesar de mais intensas e perceptíveis na dimensão relacional que compreende a “superioridade” da hierarquia líder-colaborador, também pode acontecer nos relacionamentos com outros colegas de trabalho em posição de igualdade, conforme os modelos de comportamento citados abaixo:
- Distorcer ou manipular comentários de uma pessoa, sobre algum outro colega, com o objetivo de gerar intrigas ou se promover em alguma situação.
- Quando alguém apresenta a ideia de um colaborador como sendo sua, requerendo a autoria do projeto para si.
- Entre outras atitudes.
Qualquer pessoa pode ser vítima de gaslighting, independentemente do seu gênero.
Contudo, observa-se a predominância de mulheres entre as pessoas que são atingidas por essa violência psicológica.
Uma pesquisa realizada pela Heach Recursos Humanos revelou que 3 em cada 4 mulheres sofrem de gaslighting no ambiente profissional
Segundo o estudo, essa realidade se consagra por conta do baixo número de mulheres em cargos altos. No Brasil, somente 38% das mulheres ocupam posições de liderança na empresas nacionais.
Entre os inúmeros prejuízos psicológicos que podem ser acarretados pelo gaslighting, estão:
- Estresse emocional.
- Depressão.
- Ansiedade.
- Isolamento social.
- Baixa autoestima.
- Entre outras consequências negativas.
Esses prejuízos afetam não somente o indivíduo, como também repercutem na esfera coletiva da empresa:
- O clima organizacional fica prejudicado, dificultando a manutenção de um ambiente de trabalho agradável para a realização das atividades diárias, influenciando também na produtividade dos funcionários, que acabam desmotivados em seus projetos.
- A rotatividade de colaboradores, que desistem de permanecer na empresa e pedem demissão para sair desse ciclo hostil de comportamentos abusivos.
Agora que você já sabe o que é o gaslighting e as formas como ele ocorre, é igualmente importante saber os mecanismos de proteção que existem para ajudar quem se torna vítima dele ou que observa a sua ocorrência na empresa.
O Canal de Denúncias é, hoje, a plataforma mais eficaz na detecção e no combate aos comportamentos que prejudicam o clima organizacional e, até mesmo, a saúde emocional dos funcionários dessas organizações.
Como o Canal de Denúncias ajuda no combate ao gaslighting?
O Canal de Denúncias assume um papel fundamental na proteção das pessoas que fazem parte das empresas.
Através dessa ferramenta — que para ser efetiva precisa ser implementada de forma terceirizada e acessível a todos os funcionários —, é possível relatar as irregularidades, não só como os casos de gaslighting, mas também de assédio moral, sexual, fraudes, bullying e outros problemas que forem identificados no ambiente de trabalho.
É por meio do Canal que a empresa toma conhecimento sobre a ocorrência dessas condutas prejudiciais, que geralmente acontecem fora do campo de visão dos responsáveis por contê-las.
Nesse sentido, o Canal de Denúncias é um aliado dos colaboradores, que podem recorrer à plataforma, quando forem vítimas ou testemunhas dessas ocasiões.
Contudo, para fazer isso, é preciso que a organização, primeiramente, tenha um Canal implantado, e que ele ofereça possibilidade de anonimato, além da garantia total de sigilo das informações.
Outro aspecto fundamental é que exista um compromisso da empresa em “fazer o certo”.
Caso a irregularidade seja comprovada, após a apuração dos argumentos relatados na denúncia, é preciso que haja, sem delongas, a aplicação das medidas cabíveis aos responsáveis.
Esse mecanismo de atuação que surge na relação entre o Canal (que recebe o relato) e a empresa (responsável por apurar o que foi relatado e aplicar as medidas) tem como resultado positivo a criação de uma cultura de confiança, ética e respeito mútuo entre todos os colaboradores, possibilitando o combate às condutas prejudiciais que comprometem o bem-estar de cada um.