Quase 90% das empresas do Brasil registraram funcionários afastados por doenças mentais neste ano, revela pesquisa

Pesquisa foi realizada com gestores e profissionais de recursos humanos de 767 empresas do País.

jose-pena-aR20Du8Gl5s-unsplashAnsiedade é o transtorno, de acordo com os pesquisados, que mais afastou as pessoas do trabalho. (Foto: Unsplash)

Uma pesquisa inédita da Conexa, ecossistema digital de saúde, líder na América Latina, realizada com gestores e profissionais de recursos humanos de 767 empresas do País, constatou que a saúde mental do brasileiro no ambiente do trabalho vai muito mal. Das 1.589 pessoas que responderam perguntas elaboradas pela startup, 87% afirmaram ter ocorrido afastamento em sua corporação por causa de doenças que afetaram a mente do colaborador somente neste ano.

A ansiedade (com 51%) é o transtorno, de acordo com os pesquisados, que mais afastou as pessoas do trabalho, seguido por depressão (17%), estresse (16%) e síndrome de burnout (14%). O estudo foi feito nos dias 8, 9 e 10 de agosto com visitantes do Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh) neste ano, em São Paulo. Mais de um funcionário da mesma empresa podia responder as mesmas perguntas e, consequentemente, apresentar visão diferente do outro.

Do total, 48% dos gestores e funcionários de rhs ainda relataram que, por percepção, eles acreditam que possam existir pelo menos 10% de colaboradores espalhados em suas empresas com doenças mentais não detectadas. Outros 19% acham que 20% dos funcionários em seus ambientes de trabalho têm diagnósticos ainda não identificados, além de também 19% declararem que não sabem dizer.

Esta grave situação no ambiente do trabalho já havia sido alertada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório anual, divulgado em 2022. Segundo a entidade, há um considerável aumento de diagnósticos de depressão ou ansiedade no Brasil.

São cerca de 11,5 milhões, maior número da América Latina, muitos destes adquiridos no mercado de trabalho. “A situação é bem grave em nosso País e as próprias lideranças já se atentam a este problema, conforme pudemos constatar nesta pesquisa”, afirma Erica Maia, médica psiquiatra e gerente de saúde mental da Conexa. “Investir em programas de saúde mental não deve ser visto apenas como um benefício para a empresa; é uma estratégia de negócios para que haja um ambiente colaborativo, saudável, com mais produtividade e retorno financeiro para as corporações”, emenda Erica.

A visão das lideranças e dos funcionários dos rhs também ficou clara na pesquisa Conexa. O estudo mostrou que cerca de 80% dos respondentes acreditam que dar acesso a médicos e psicólogos é muito importante para a empresa e colaboradores. Apenas 4% dos participantes não consideram o benefício à saúde como a principal necessidade da empresa. Só 1% considera pouco importante essa questão.

Dos pesquisados, 47% consideram ainda a saúde mental como a principal dor/desafio dentro da empresa. Em segundo lugar foi apontado o clima e cultura organizacional (24%) e em terceiro a atração e retenção de talentos (18%).

Metodologia

O questionário com nove perguntas foi respondido, nos dias 8, 9 e 10 de agosto, por 1.589 pessoas que trabalham dentro de setores de recursos humanos e/ou gestão de pessoas nas empresas.
A amostra representou 767 empresas que participaram do Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh), considerado como sendo o maior evento de gestão de pessoas da América Latina. A feira foi promovida pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).
Somente coordenadores (20%), gerentes (14%), diretores (5%), vice-presidentes (1%), além de outras lideranças incluindo colaboradores de rhs (60%) participaram da pesquisa. A maior parte das pessoas que respondeu as perguntas (25%) pertenciam a uma empresa que tem entre 101 e 500 funcionários, seguidos por outros que eram contratados por uma corporação com 1.001 a 5 mil empregados (24%).