Natalia Pasternak: governos erraram em priorizar o atendimento hospitalar em vez da prevenção
A microbiologista e pesquisadora foi entrevistada pela jornalista Sonia Racy, no programa Show Business. Um panorama sobre a pandemia da covid-19 e os imunizantes disponíveis estiveram na pauta.
Microbiologista Natalia Pasternak, do Instituto Questão de Ciência. (Foto: Reprodução)
A microbiologista Natalia Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, está entre as principais profissionais que auxiliam no combate à desinformação em meio à pandemia de Covid-19.A pesquisadora ganhou notoriedade esclarecendo fatos e estimulando o debate sobre políticas públicas para controlar a dissiminação do vírus.
Ao programa Show Business, a cientista apresenta as últimas novidades sobre prevenção, faz uma análise sobre vacinas disponíveis no mercado e deixa sua avaliação sobre como os gestores público têm lidado com a pandemia desde o começo. Abaixo, assista a entrevista em vídeo ou ouça em podcast.
Quais vacinas têm eficácia comprovada? Você concorda com esta afirmação: vacina boa é vacina no braço?
Certamente a melhor vacina é àquela que está disponível no posto de saúde. Não precisamos ficar escolhendo qual é a melhor. Hoje, no Brasil, temos aprovadas pela Anvisa as vacinas Coronavac [Instituto Butantan], da AstraZeneca [conhecida como vacina Oxford], Pfizer [BioNTech] e Janssen [Johnsson&Johsson]. Qualquer uma dentre essas quatro foram aprovadas e são seguras para uso. Temos ainda algumas que estão em fase de testagem, aqui no país mesmo. São elas: Medicago [GSK], Sputnik V e a indiana Covaxin – esta última tem uma carga ‘política’ envolvida, como bem sabemos, e que passam atualmente por testes e esperam aval da Anvisa. Pode ser que futuramente elas sejam disponibilizadas para a população.
Existem respostas sobre o tempo de proteção das vacinas disponíveis?
Há indicativos, e não respostas prontas e certeiras a respeito dos resultados. A nossa base de estudo se faz conforme as pessoas vão sendo vacinadas. E só com o passar do tempo será possível investigar a quantidade de células de memória que elas formam, quantos tempo essas células estão durando. Os últimos relatórios mostram que as vacinas genéticas – a de RNA – possuem um bom indício de que essas células protetoras vão durar muito tempo no organismo. Então, provavelmente, teremos uma ‘memória’ longa para os imunizantes. Agora, se precisaremos de um reforço nas doses aplicadas daqui para frente, ainda é cedo para sabermos. O que se sabe, por enquanto, é que há bons indícios de que a proteção durará bastante tempo e não precisará de reaplicações anuais, igual o caso do imunizante contra a gripe. A não ser que surjam variantes muito diferentes das que estão circulando. Nesse caso, pode ser que tenhamos que adaptar as substâncias para intervalos menores.
Usar máscara é um método preventivo comprovadamente eficaz, assim como o uso do álcool gel. Além dessas recomendações o que sabemos até aqui sobre o comportamento e o combate ao coronavírus?
Temos a certeza de que a transmissão se dá de pessoa para pessoa. Isso foi um conhecimento por meio de pesquisas feitas no decorrer da pandemia. Porque, bem lá no começo, em meados de março de 2020, não sabíamos ao certo como o vírus infectava alguém. Entretanto, hoje, a gente sabe que o coronavírus é transmitido pelo humano por aerossóis, emitindo gotículas contendo o vírus enquanto falamos e estamos perto de outras pessoas, contaminando facilmente os outros. Esse conhecimento é suficiente para entendermos porque a máscara funciona, porque forma uma barreira física impedindo que você contamine ou seja contaminado. É essencial manter o distanciamento social e evitar as aglomerações. São duas estratégias que funcionam justamente para evitar a infecção. São dois hábitos que deveriam ser mais levados a sério aqui no Brasil, e infelizmente não são.
Há pessoas que acreditam que um ambiente menor e com poucas pessoas tem risco reduzido. Existe alguma diferença?
É uma questão de probabilidade. Quanto mais gente ao redor, maiores serão as chances de você ser infectado também. Porém, não significa que manter contato com cinco ou menos pessoas terá risco reduzido. Principalmente, porque nessas reuniões menores é quando as pessoas geralmente ‘baixam a guarda’. Com a proximidade, a tendência é elas se abraçarem, tirarem a máscara, pois vão comer, beber e confraternizar. Nisso, passam muitas horas sem o equipamento de proteção, depois, conversam com familiares [ou amigos] e, às vezes, acaba passando horas, sendo uma exposição com tempo prolongado e, detalhe: desprotegidas. Então, nessas situações é que normalmente ocorrem muitas transmissões. Por isso se faz necessário que as pessoas saibam que o risco existe a partir do instante em que você interage com outras pessoas, independentemente de quantas estejam próximas, levando em consideração as condições já comentadas.
Especialistas incentivam tomar a vacina para diminuir o risco de óbito numa eventual infecção, e não necessariamente o risco de contrair o vírus será eliminado. Como funciona essa margem de imunização?
Exatamente. Na prática, a vacina diminui bastante a probabilidade de a pessoa desenvolver formas graves de doenças, além de reduzir internações e, consequentemente, mortes. Todas as vacinas disponíveis no mercado mundial, como as aprovadas aqui no Brasil pela Anvisa, reduzem os danos causados pelas infecções e a necessidade de hospitalização. Mas, lembro que vacina não é fórmula ‘mágica’. Ela não te deixará de corpo fechado automaticamente. Os imunizantes têm sim a capacidade de diminuir os riscos citados. Porém, vamos imaginar que você esteja num ambiente onde o vírus esteja em alta concentração. Nessa condição, a capacidade de proteção diminui de maneira significativa. Por isso é que não podemos bobear com os cuidados. A vacina não vai deixar ninguém imunizado imediatamente, ainda mais enquanto a doença estiver circulando como ela está no momento. Por esse motivo é que não podemos abrir mão de usar [boas] máscaras, adaptadas ao rosto, e seguir com o distanciamento social até quando isso for recomendado.
Nos Estados Unidos já houve uma liberação de eventos, podemos dizer que o país com essa política está sendo um teste para um mundo inteiro?
Com certeza. A gente vai seguir acompanhando de perto para ver se não tem o surgimento de novas variantes por lá, efeitos reboots – devido à grande interação entre pessoas. A vacinação dá essa falsa sensação de ‘estou 100% seguro, então, liberou geral vamos fazer qualquer coisa’. E daí podemos ver o número de casos subir. Vamos acompanhar, porque os Estados Unidos serão sim um bom estudo de caso para o restante do mundo.
Como a pandemia tem afetado a saúde mental das pessoas, sabendo muitas delas que ainda sentem pânico de se infectarem? Aliás, o estresse pode diminuir a imunidade nesses casos?
O sistema imune funciona bem mesmo sob estresse. Não será o fato de alguém se sentir nervoso e estressado que interferirá nisso. Pois, de certo modo, estamos todos nos sentindo assim, diante do que vivemos. E não precisa entrar em pânico, é momento de colaborar e entender que cada um tem que fazer sua parte para enfrentar essa crise. E, à medida que isso for compreendido, conforme vamos promovendo ações práticas no uso de máscaras, dando exemplo nesse sentido e cobrando o uso delas pelos familiares, incentivando ainda o distanciamento social. Quando nos sentimos parte da solução, a tendência é que o pânico desapareça, por causa daquele pensamento: estamos fazendo a diferença e contribuindo ativamente para o fim da pandemia. Em síntese, essa é uma doença cuja consciência depende da mudança de comportamento das pessoas. Então, quando alguém assume uma postura mais participativa, deixará o pânico de lado para dar espaço ao pensando do: ‘estou fazendo a minha parte e cobrando para que os outros façam a sua também’.
Que orientações você pode deixar às pessoas que, por temerem a pandemia, deixaram de fazer tratamento médico para outras doenças?
As outras doenças continuam existindo, não podemos fingir que não. Mas, podemos priorizar de acordo com os sintomas, pensando em tratar aquilo que tem mais urgência. O intuito é evitando uma ida ao hospital por qualquer motivo, por coisas ‘menores’ e que são possíveis de se tratar em casa, mas isso de acordo com o que o sintoma indicar, é claro. Porque existe sim um risco de infecção da covid nesses ambientes que citei. Então, a gente precisa ficar mais ‘seletivo’, pensando no que realmente precisamos em quesito atendimento hospitalar e de tratamento. Antes, é recomendável ligar e tirar essa dúvida por telefone com um médico, de alguma forma, para avaliar previamente se existe necessidade de passar por uma unidade. Não deixar essa dúvida no ar e, ao mesmo tempo, sem descuidar. Não é recomendável dar aquela ‘passadinha no pronto socorro’ à toa. Por isso é importante de conversar melhor com um profissional.
O que a ciência consegue prever sobre a covid-19?
Na ciência, não gostamos de fingir que temos uma bola de cristal. Prever é algo que a gente não se atreve a fazer, para ser sincera. Dá sim para apontar tendências e cenários diante do que conhecemos: a covid-19 é uma doença controlável por vacinas, fato. E isso é uma coisa muito positiva, pois conseguiram desenvolver vacinas boas em tempo recorde. São imunizantes que funcionam e que podem efetivamente controlar a pandemia. Isso nós sabemos. Poderíamos ter tido o azar desta ser uma enfermidade superdifícil para desenvolver um imunizante, o que por sorte não ocorreu. O que sabemos é que lidamos com uma enfermidade que realmente tem um rápido contágio e casos assintomáticos, duas situações que dificultam bastante o rastreamento das pessoas que estão contaminadas. Realmente é um vírus que tem um potencial muito grande de se espalhar rapidamente, como aconteceu no planeta inteiro. E só a vacina, num primeiro momento, não vai conseguir controlar a pandemia, não apostar que somente elas serão capazes de frear o problema sozinha. Tem que continuar investindo em outras estratégias não farmacológicas: uso de máscaras, distanciamento social e evitar aglomerações. A certeza que temos é que nenhuma pandemia dura para sempre. Porém, no decorrer desse problema, precisamos ter boas campanhas de vacinação, contendo também outras orientações. É necessário ter informação de qualidade para que as pessoas saibam quais são os papeis dela no combate à disseminação do vírus.
Você acha que campanhas publicitárias poderiam ajudar a frear o contágio de maneira significativa?
Certamente, Sonia. E tenho sido muito crítica com a falta de campanhas institucionais, principalmente no Governo Federal e o Ministério da Saúde, além de estados e municípios onde a gente há casos pontuais; pois de alguns locais se empenharam mais que os outros. No entanto, é notável a falta de desempenho na pasta federal. Sempre tivemos campanhas de vacinação a nível nacional, e agora não temos mais isso. Por sorte, temos uma população que é muito favorável às vacinas, diferentemente do que acontece em outros países. Mas o Brasil peca em não ter anúncios publicitários do ministério da Saúde com o esclarecimento de dúvidas e orientações sobre como se prevenir, porque existe uma parcela pequena dos brasileiros que ainda desconhecem certas informações. Se tivesse mais investimento, teríamos um número bem reduzido de grupos que hoje ficaram conhecidos como ‘sommelier de vacinas’ porque escolhem qual imunizante preferem tomar. Isso tudo precisa ser esclarecido ao público. Tais campanhas viriam institucionalmente do próprio Ministério. Por sorte, a mídia brasileira tem feito um excelente trabalho de orientação durante a pandemia. Nós, cientistas, temos nos empenhado para fazer esse papel do governo em levar informação de qualidade às pessoas. A inciativa privada poderia atuar em várias frentes que estão aí ‘vazias’, como por exemplo campanha para o uso de máscaras.
Por que você acha que as vacinas são entendidas pelo brasileiro como um ‘direito’, tal como ocorre com o imunizante contra a gripe?
Isso mesmo. Por esse motivo que as iniciativas privadas deveriam ser mais proativas em ações para incentivar o uso de máscaras, na minha opinião, algo porque o brasileiro ainda não se habituou a utilizar o equipamento. Essa ação poderia ser feita com a distribuição dos modelos PFF2 nos pontos onde houver alta concentração de gente, como em metrôs, ônibus e transportes coletivos no geral, que são lugares onde existe exposição maior ao vírus.
Como você pede para uma pessoa ficar em casa, sendo que ela precisa trabalhar?
Pois é, ficar em casa seria um ‘luxo’ muito grande diante da nossa realidade. O que acontece é que grande parte das pessoas precisa sair de suas casas para trabalhar, se quiserem colocar comida na mesa. Então, é preciso sim proteger essas pessoas da melhor maneira possível, porque elas ficarão em locais aglomerados, como é ocaso do transporte público... E, se pudessem usar máscaras mais adequadas para essas situações, seria uma barreira de proteção significativa.
Os governos erraram em não priorizar quem trabalha e precisa pegar o transporte público, em vez de considerar a campanha vacinal por faixa etária?
Os governos erraram em priorizar o atendimento hospitalar em vez de trabalharem no campo prevenção à doença, isso desde o começo. Essa estratégia foi focada em abrir novos leitos de UTI, hospitais de campanha, em atender os doentes.
Essa situação de olhar para o aspecto preventivo aconteceu em outros países?
Muitos países como Coreia do Sul, China e Nova Zelândia fizeram testagem e conseguiram fazer sua parte, na prevenção à covid, de maneira muito efetiva, se compararmos com o Brasil. Nós priorizamos muito mais o cuidado do paciente, querer garantir que haveria oxigênio e leitos para todo mundo, em vez de investir na educação da população, sobre como as pessoas poderiam se comportar e eu acho que isso foi um erro.
Iniciativas privadas como os laboratórios não poderiam se unir e fazer a diferença nesta pandemia?
Não penso que isso seja responsabilidade deles, além disso, não teria feito a diferença esse tipo de iniciativa. Outro fato é que as multinacionais produziram vacinas muito rapidamente, não teria sido uma ação muito eficaz.
Unindo os estudos não teria ido mais rápido?
Não, porque são tecnologias e plataformas diferentes. E a ciência precisava contar com essas diferenças sendo testadas, porque poderia acontecer de uma funcionar e outra não, como ocorreu. Imagina se nós tivéssemos que depender de uma só plataforma, ficaríamos a ver navios. Essa diversidade de estudos é importante para o avanço da ciência.
Então os laboratórios que prometem desenvolver vacinas com material genético, na mesma linha, eles não poderiam ter unido esforços?
Não teria por que, além disso, não haveria um resultado diferente do que temos. As vacinas genéticas que estão no mercado hoje, que são: a Pfizer BionTech e da Moderna, por exemplo, ambas são boas e os laboratórios vêm produzindo-as bem. Então, não faria diferença se tivéssemos uma eventual união entre as empresas farmacêuticas desde o começo. A competição é saudável e faz a ciência andar mais rápido.
Se o governo federal tivesse liberado mais recursos financeiros, institutos brasileiros como Butantan e a Fiocruz teriam vacinas próprias já disponíveis?
Certamente. Temos vários laboratórios capacitados para desenvolver vacinas. Mas eles tiveram aportes muito pequenos do Ministério da Ciência e Tecnologia, das agências de fomento – e estamos vivendo uma crise de fomento científico intensa no Brasil. Então, a gente fica para trás na corrida mundial, pois sem recursos, você não desenvolve imunizantes - uma das coisas mais caras para se desenvolver. Isso requer muito investimento financeiro, mas tivemos um retorno baixo aqui no país. Mesmo assim, há projetos nacionais com potenciais substânciais contra a covid, que podem ficar prontos para o ano que vem, assim esperamos. Embora, se tivéssemos tido investimento robusto, lá no começo da pandemia, poderíamos já ter a nossa própria vacina produzida.
Tal investimento normalmente vem do governo federal?
Poderia ser das agências de fomento, tanto as federais quanto as estaduais, incluindo os ministérios da Ciência e Tecnologia e o da Saúde, ambos têm verba para essa finalidade para pesquisas e oferecer insumos. Porém, esses recursos da saúde foram utilizados para comprar Cloroquina ou destinado à propaganda do setor de agronegócios. Tivemos umas coisas bizarras no que poderia ter sido encaminhado para o desenvolvimento de vacinas.3
Essa pandemia trouxe à tona os temas: falta de investimento nas pesquisas e ausência de apoio científica ao país?
Acho que a pandemia trouxe esses assuntos para o debate público, isso foi muito importante. Porque muita gente nunca parou para pensar no que a ciência representa para o Brasil. Antes da pandemia, muitos não sabiam que tínhamos capacidade tecnológica para desenvolver nossa própria vacina. Pelo menos, essa situação nos mostra que não é possível esconder as coisa para debaixo do tapete. Agora, todo mundo já sabe do que o país é capaz e onde não são aplicados os recursos para isso. Então, quem sabe com uma mudança de governo, a ciência passe a ser mais valorizada nessa visão estratégica de desenvolvimento de nação.
Você crê que futuramente haverá uma mudança na percepção das pessoas, no ato de pressionar o Congresso, para que as verbas sejam aplicadas da melhor forma? Afinal, em quais quesitos essa pandemia pode nos transformar?
Acredito que sim. A ciência pelo menos chegou ao debate público no Brasil de uma maneira que ela nunca esteve presente. Nunca se falou tanto de ciência e saúde como se fala hoje em dia. Pelo menos ela está presente nas discussões, pautada na mídia e as pessoas estão vendo o resultado da ausência de investimentos. Tenho esperanças que a situação vá melhorar no próximo governo, neste não.
Com a sua dedicação ao dar entrevistas e prestar orientações sobre a pandemia, essa atitude atrapalhou seus projetos e vida pessoal de algum modo? Além disso, gostaria de saber: você já contraiu a covid-19?
Não tive covid. Quanto a minha dedicação durante a pandemia, confesso que fiquei centrada nesse tema. Os projetos pessoais ficaram em ‘suspenso’ enquanto preciso fazer esse trabalho. Mas não gosto de enxergar isso como um sacrifício ou qualquer coisa do tipo, pelo contrário. Foi justamente o caminho que escolhi quando fundei o Instituto Questão de Ciência, criado para promover políticas públicas, baseadas em evidências científicas. É natural que essa crise ocupe o espaço dedicado ao Instituto e o meu tempo.
O que eu faço, é o mínimo que eu deveria fazer pelo país. E, se eu tenho estrutura e capacidade de comunicar a ciência de uma maneira que as pessoas entendam, então, não estou fazendo nada além da minha obrigação. Às vezes pode haver um certo lamento por ter deixado algum projeto de lado, mas penso que isso é temporário. Vai passar. E após este período, conseguirei retomar os planos que ficaram parados. Agora, o mais urgente é trabalhar na comunicação sobre assuntos relacionas à pandemia e compartilhar meus conhecimentos, porque, conforme comentamos anteriormente, esse trabalho não tem sido feito pelo governo federal infelizmente. Cabe a mim e tantos outros especialistas cumprem esse papel. E o que faço não é um tipo de heroísmo. Isso, para mim, fica por conta do pessoal da área da saúde que atua na linha de frente, trabalhando dias e noites, há meses seguidos, cuidando de pessoas e passando pelo estresse e a angústia de perder pacientes, de presenciar pessoas morrendo por falta de leitos ou de oxigênio e outros insumos. Perto desses profissionais, se eu fizesse menos do que faço hoje, eu teria que me envergonhar.