Índia abre mão de testes de vacinas para ampliar imunização
País tem mantido negociação com laboratórios como Pfizer e Moderna.
A Índia abriu mão, nesta quinta-feira (27), da exigência de testes locais de vacinas estrangeiras "bem estabelecidas" contra o novo coronavírus, enquanto tenta acelerar a campanha de imunização no país para conter o pior surto mundial da doença atualmente.
O país registrou este mês o maior número de mortes por covid-19 desde o início da pandemia no ano passado, respondendo por pouco mais de um terço do total geral.
Apenas cerca de 3% do total de 1,3 bilhão da população indiana foram vacinados com as duas doses, a taxa mais baixa entre os dez países com maior número de casos no mundo.
A decisão de hoje permitirá a importação de vacinas desenvolvidas pela Pfizer, Johnson & Johnson e Moderna, com as quais a Índia tem mantido negociações com pouco sucesso.
O governo do primeiro-ministro Narendra Modi tem enfrentado crescentes críticas por não ter conseguido vacinas para o seu povo, enquanto uma segunda onda devastadora atinge o imenso interior indiano.
"Isso é falha de governança, já que a Índia é um dos maiores produtores de vacinas", escreveu Kaushik Basu, ex-assessor econômico do governo, no Twitter. "Bons dias virão, mas o lapso da vacina será lembrado."
A Índia tem inoculado seu povo com a vacina da AstraZeneca, produzida localmente no Instituto Serum, e com a Covaxin, feita pela empresa local Bharat Biotech. Também começou a usar a Sputnik V, da Rússia.
Mas os suprimentos estão muito aquém dos milhões de doses de que o segundo país mais populoso do mundo precisa.
No mês passado, a Índia se comprometeu a acelerar as aprovações para vacinas estrangeiras, mas sua insistência em testes locais era um dos principais motivos para as discussões paralisadas com a Pfizer.
"A disposição agora foi alterada para dispensar a exigência de teste para as vacinas bem estabelecidas fabricadas em outros países", disse o governo em comunicado.
Não houve resposta imediata da Pfizer, Moderna ou Johnson & Johnson aos pedidos de comentários da Reuters.
O país relatou 211.298 novas infecções nesta quinta-feira, ainda o maior aumento diário do mundo, mas quase metade das infecções diárias registradas no início deste mês.
O total de casos está agora em 27,37 milhões, enquanto as mortes estão em 315.235, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Especialistas acreditam que esse número está subestimado, já que apenas as pessoas com teste positivo são contadas, enquanto muitas nunca foram testadas.