Sabesp acusa construtora de furtar água em obra; fraude é estimada em R$ 265 mil
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diz ter identificado no último dia 21 um furto de água em um canteiro de obras da construção civil na Rua Joaquim Carlos, no bairro do Pari, na região central da capital paulista. No local, os fiscais da Sabesp alegam ter encontrado uma ligação clandestina direta na rede da companhia em uma obra da Cury Construtora. A empresa nega irregularidades.
A Sabesp estima que a fraude gerou prejuízo de R$ 265 mil, calculado com base no consumo de uma construção do mesmo porte. O valor será cobrado da construtora, diz a companhia. O caso foi registrado pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil.
Em nota, a Cury afirma que "o fornecimento de água em seu canteiro está regular, devidamente cadastrado, com medição mensal pela Sabesp e pagamentos em dia pela construtora".
Segundo a empresa, a situação está em fase de análise técnica e, "assim que concluídos os levantamentos, será plenamente evidenciado que não houve qualquer irregularidade por parte da obra". "Reiteramos nosso compromisso com a legalidade e a transparência", conclui o texto da Cury.
Desde o início da Operação Gato Molhado, em março, o setor da construção civil foi responsável por 58% das irregularidades identificadas pela Sabesp. "Estamos mapeando novas obras na cidade e fiscalizando aquelas nas quais o setor de inteligência da Sabesp e as equipes de rua suspeitam de alguma irregularidade", afirmou o coordenador de combate às irregularidades da Sabesp, Gabriel Seibarauskas.
O diretor de Combate a Fraudes da empresa, Luiz Renato Fraga, explica que a Sabesp tem investido em tecnologia e procedimentos otimizados para detectar essas irregularidades, além de contratar mais profissionais para lidar com casos de grande impacto nas cidades atendidas. "Um consumo de água fora do padrão, por exemplo, já dispara um alerta, levando à verificação da situação em campo quando as inconsistências são encontradas. As fraudes confirmadas são registradas, a polícia pode ser acionada e o responsável pode ser conduzido à delegacia."
Além de prejudicar o abastecimento na região em que ocorre, o furto de água é crime e está descrito no artigo 155 do Código Penal. Dependendo dos meios utilizados para a prática, pode ser classificado como furto qualificado e pode levar à prisão por até oito anos, além da possibilidade de corte da água e pagamento de multa para a empresa.
Falta de chuvas
A Sabesp reduziu a pressão na distribuição de água na região metropolitana de São Paulo pelo período de oito horas durante as madrugadas, desde a semana passada. A previsão é de que a medida garantirá uma economia de 4m3 de água por segundo.
A região metropolitana vem enfrentando uma sequência de anos com chuvas abaixo da média. Como o Estadão mostrou, os sete sistemas de água que abastecem as cidades da região metropolitana de São Paulo operam no menor nível dos últimos 10 anos para o mês de agosto.