Padrão de integridade nas empresas melhorou nos últimos anos
Relatório Global de Integridade 2024 realizado pela companhia indica que, no Brasil, 66% dos entrevistados acreditam nessa melhora.
Relatório Global de Integridade 2024 realizado pela companhia indica que, no Brasil, 66% dos entrevistados acreditam nessa melhora. (Foto: Freepik)
De acordo com a edição deste ano da Pesquisa de Integridade Global da EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, a integridade e confiança corporativa são alicerces sobre os quais a excelência empresarial está embasada e 66% dos brasileiros identificam que houve melhora em relação a este aspecto nos últimos anos. Esse otimismo, inclusive, é maior no Brasil do que no restante da América Latina, que teve uma média de melhora de 64%. Dentre os principais insights do estudo apontados como indicativos para a melhoria estão que 62% dos entrevistados percebem um maior comprometimento da gestão na diligência dos assuntos de integridade; 54% estão acompanhando as demandas dos reguladores e 39% identificam que os clientes estão cada vez mais exigentes em terem parceiros idôneos.
Quando falamos em integridade, nos referimos à criação de uma cultura que apoia a tomada de decisões éticas, além de resguardar as organizações de ganhos de curto prazo às custas de comportamento antiético. Em um ambiente que envolve diferentes realidades macroeconômicas, volatilidades geopolíticas e de mercado, e questões regulatórias, os executivos estão vivenciando um cenário de negócios de maior complexidade e incerteza que pode estar colocando a integridade corporativa à prova.
Diante de tantas complexidades, é neste momento que a atenção a comportamentos antiéticos precisa ser redobrada. “Mesmo com um esforço de conscientização de uma cultura de integridade nas organizações, ainda existe um sinal de alerta na predisposição que colaboradores têm de se envolver em atos antiéticos a fim de buscar benefícios para os resultados da empresa e/ou pessoais, seja de carreira ou remuneração”, afirma Marlon Jabbur, sócio-líder da EY Brasil para Forensics & Integrity Services. Segundo os insights da versão global do estudo, os líderes funcionam como exemplos para o time. “Não bastam palavras. As ações práticas são o que realmente importam, influenciam e são reflexo para os demais, como os próprios colaboradores ou consumidores/clientes”, reforça Marlon.
Complementando, o estudo também indica que 83% dos respondentes se mostraram comprometidos em exigir que suas lideranças estejam envolvidas não só nas conversas sobre conduta ética, como também na condução de casos e/ou incidentes relacionados à má conduta dentro da empresa.
No Brasil, 40% dos gestores acreditam que as empresas facilitaram o acesso dos colaboradores aos canais de denúncias, em contrapartida, apenas 26% dos colaboradores operacionais compartilham dessa opinião. Alguns dados que podem ajudar a entender esse cenário são de que 53% dos entrevistados indicaram que se sentiram sob pressão para não reportarem más condutas, 41% indicaram temer por sua segurança pessoal, 38% indicaram terem suas carreiras e progressão profissional impactadas e 28% indicaram que não se sentem responsáveis em reportar. Além disso, Jabbur ressalta que “os resultados da pesquisa apontam que ainda há um longo caminho a percorrer na conscientização dos colaboradores sobre a importância de reportar questões aos canais de denúncias e/ou canais específicos para o relato de condutas antiéticas”.
A pesquisa também aponta que as empresas podem dividir seus colaboradores em três grandes grupos: funcionários íntegros, funcionários potencialmente comprometidos e funcionários potencialmente facilitadores. Jabbur exemplifica como identificar cada um. “Os primeiros não estão dispostos a agir de forma antiética sob nenhuma circunstância, para ganho pessoal ou a pedido de um gerente. Já o segundo grupo está disposto a agir de forma antiética por questões pessoais ou a pedido de um gerente. O último está disposto a agir de forma antiética a pedido de um gerente, mas não o faria para ganho pessoal”.
Por fim, percebe-se que 38% dos entrevistados latino-americanos e 35% dos brasileiros acreditam que há colaboradores que estariam dispostos a se comportar de forma antiética para melhorar sua carreira ou situação financeira pessoal. Tal comportamento também foi observado ao redor do mundo, de forma que ainda está presente a predisposição para ganhos de curto prazo, sejam para eles próprios ou para benefícios de suas empresas. Neste cenário, os correspondentes indicaram que estas pessoas estariam, eventualmente, predispostas para ao menos uma ação antiética e destacamos algumas delas: 8% forneceriam informações falsas à gestão, 16% ignorariam comportamentos antiéticos em suas equipes, 9% falsificariam dados de clientes.
Agenda ESG e Inteligência Artificial
Duas temáticas atuais também foram incluídas nessa pesquisa: a agenda Environment, Sustainability and Governance (ESG) e seus desdobramentos e inteligência artificial (IA). No Brasil, 51% dos entrevistados afirmam que suas empresas adotaram ferramentas que se utilizam de técnicas e/ou aplicam inteligência artificial em suas soluções para compliance e de integridade. “Um aspecto interessante em relação a isso é que, no Brasil, estamos mais predispostos ao assunto, quando comparado com a média global, que é de apenas 29% dos entrevistados afirmando que suas empresas estão utilizando tecnologias relacionadas à IA”, comenta Jabbur.
Destes 51% de entrevistados, 92% dizem que as empresas estão preocupadas em estabelecer processos e políticas que observem os riscos relacionados à adoção de IA, tais como aspectos de segurança da informação, privacidade e ética no uso de algoritmos.
Já sobre as temáticas da agenda ESG, 74% dos entrevistados no Brasil, indicaram que suas empresas têm divulgado o assunto de forma clara e transparente aos seus colaboradores. “Mais do que isso, o tema da sustentabilidade é o mais endereçado nas empresas, com cerca de 45% dos entrevistados mencionando a pauta como a mais relevante em suas companhias, seguidas de 36% em Recursos Humanos/Pessoas e 35% em gerenciamento de risco - governança”, finaliza Marlon.