México pede volta de cidadãos presos na Alcatraz dos Jacarés

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, exigiu nesta quarta-feira, 30, a repatriação de 30 mexicanos presos no centro de detenção de imigrantes da Flórida, conhecido como "Alcatraz dos Jacarés". "Muitos cidadãos não têm motivo para entrar nesses centros de detenção. Dentro da estrutura das próprias leis dos EUA, o que buscamos é que eles retornem ao nosso país imediatamente e não sejam detidos dessa maneira", afirmou Sheinbaum, em nota enviada a Washington.

O governo americano afirma que a Alcatraz dos Jacarés requer menos segurança devido ao seu entorno inóspito, habitado por crocodilos e cobras, daí o nome da prisão.

O centro de detenção de 160 mil metros quadrados, a 64 quilômetros de Miami, tem sido alvo de críticas de ativistas dos direitos humanos, que denunciam celas superlotadas, esgoto entupido e falta de cuidados médicos. Na semana passada, o jornal New York Times publicou relatos de tortura e maus-tratos.

Pressão

A decisão de Sheinbaum foi tomada depois que o cônsul mexicano em Miami, Rutilio Escandón, visitou o centro de detenção no início da semana. "Eles têm permissão para tomar banho apenas a cada três dias", disse Escandón à TV Telemundo, referindo-se aos 39 mexicanos que ele entrevistou. "Às vezes, o ar condicionado é muito frio. Às vezes chega a 15 graus. Mas também é muito quente e há muitos mosquitos."

No domingo, 27, Roberto Velasco Álvarez, chefe da unidade americana da chancelaria mexicana, disse que dois irmãos que estavam detidos na Alcatraz dos Jacarés foram enviados recentemente ao México sem acusações formais - um dos quais estava visitando os EUA com um visto de turista.

O governo de Sheinbaum critica as operações migratórias ordenadas pelo presidente Donald Trump. Na semana passada, um trabalhador agrícola mexicano morreu em razão de ferimentos sofridos ao tentar fugir da batida da polícia em uma zona rural de Camarillo, na Califórnia.

Outro mexicano morreu em junho - de causas ainda não confirmadas - enquanto estava sob custódia do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA (ICE, na sigla em inglês), em um centro de detenção na cidade de Stewart, na Geórgia.

"O tratamento dado aos nossos cidadãos, especialmente com essas batidas policiais, é profundamente doloroso", disse Sheinbaum. "Estaremos sempre ao lado deles para apoiá-los."

Prisões

Segundo dados do governo do México, 355 mexicanos haviam sido detidos em batidas contra migrantes implementadas desde que Trump retornou à Casa Branca, de 20 de janeiro até 11 de julho. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.