Marcos Leite, OLX: 'Nossa expectativa é que essa margem de lucro chegue a 50%'

CRO e CMO do Grupo OLX, fala sobre o potêncial do segmento de usados no mercado brasileiro e perspectiva de elevar a taxa de lucro da empresa, que hoje, fatura mais de R$ 1 bilhão por ano.

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Marcos Leite, CRO e CMO do Grupo OLX. (Foto: Divulgação/Tomás Senna)

 

Pouco mais de uma década após a sua chegada ao Brasil, a OLX - plataforma de compra e venda de usados -, se depara com um novo momento do mercado nacional neste segmento. O que em 2010 representava apenas 10% população ativa nesta comercialização de produtos de segunda mão, hoje, salta para 46%. O cenário ainda é visto como promissor para ainda mais crescimento e diversificação, como revela Marcos Leite, CRO e CMO do Grupo OLX.

Segundo o executivo, em entrevista exclusiva, o próximo passo desta estratégia de crescimento está focado em aumentar a margem de lucro do Grupo que já fatura mais de R$ 1 bilhão por ano no Brasil.

Em um universo de 2,4 milhões de vendas por mês, como é a estratégia da plataforma para garantir a segurança destas iniciativas?

Golpes e fraudes são um problema de todo o mercado. Os fraudadores se aproveitam do desconhecimento das pessoas sobre os processos de compra e venda online para utilizar de engenharia social para atrair as vítimas e aplicar golpes. Investimos no uso de tecnologia, aliada à educação do usuário para tornar o ambiente mais seguro. Além do uso de machine learning, o usuário recebe dicas de segurança durante toda a jornada, como orientação para não deixar o número do telefone exposto no anúncio, negociar pelo chat da plataforma e não compartilhar dados pessoais com outros usuários.

Temos ainda um site específico de segurança, que mostra os principais golpes no mercado, informações que não devem ser compartilhadas e explica o modelo da nossa plataforma. Como conectamos compradores e vendedores, nosso modelo é diferente de outras plataformas de e-commerce, e explicar esse processo é fundamental para uma boa experiência.

O Brasil é o maior em números de usuários da plataforma. Como você enxerga o mercado nacional? Há previsão de aquisições de novos segmentos?

O mercado nacional é muito promissor. Em 2023, o faturamento da OLX no Brasil ultrapassou R$1 bilhão pela primeira vez, o que demonstra o apetite crescente do brasileiro pelo mercado de usados. Estamos sempre avaliando novas aquisições que complementem nosso negócio, principalmente nos segmentos imobiliário e automotivo, áreas que já atuamos e nas quais temos feito constantes investimentos, a exemplo da Altimus, solução digital de gestão adquirida no ano passado. A aquisição aumentou nosso portfólio de facilidades para os clientes B2B de Autos, apoiando na digitalização do setor; e em imóveis, a aquisição da Sohtec desenvolvedora de ferramentas digitais para ampliar a eficácia das imobiliárias.

Ainda neste cenário de perfil do consumidor, a OLX realiza inúmeras pesquisas de intenção de compra ou mesmo de produtos mais procurados. Qual a importância para vocês e para a sociedade compreender esses desejos? Como é lidar com tantos dados?

A OLX é uma grande realizadora de pesquisas que buscam mapear as principais tendências do consumidor nos segmentos de bens de consumo, automóveis e imobiliário. Posso dizer que essa geração de dados é um dos nossos principais ativos. As pesquisas ajudam a compreender não apenas aspectos relacionados a compra, mas também ao comportamento, ao dia a dia das pessoas. Para nós, as pesquisas são essenciais para a criação de estratégias, mas também para entender o que os brasileiros estão buscando, quais são suas dores.

Como foi e é tornar a compra e venda de produtos usados uma opção no mercado nacional? Existe ainda espaço para crescer por aqui? Como?

A OLX chegou ao Brasil em 2010, um período em que a venda e a compra de usados estava engatinhando e apenas 10% dos brasileiros participavam deste mercado. Em 2023, pouco mais de uma década depois, esse número saltou para 46% de população ativa na comercialização de produtos de segunda mão, com movimentação em torno de R$ 60 bilhões. Em termos de PIB, é cerca de 0,6% de tudo o que é produzido na economia brasileira.

E por mais que praticamente metade dos brasileiros compre e/ou venda produtos de segunda mão, ainda há muito espaço para crescimento desses números. Uma pesquisa recente revelou que as famílias brasileiras têm R$ 2,1 mil em casa em itens não utilizados.

Qual o desejo da OLX pensando no futuro do consumidor? E qual a perspectiva para o mercado brasileiro para os próximos anos?

Nosso desejo é tornar a economia circular mais presente no dia a dia de mais brasileiros. Queremos ser lembrados como agentes de uma transformação em torno de novos hábitos de consumo, que seja a cada dia mais consciente. Para trazer um exemplo do impacto que a economia circular gera, o relatório SHE (Second Hand Effect) revelou que as transações de compra e venda na OLX em 2023 evitaram a emissão de 625 mil toneladas de CO2, o equivalente a 5,6 milhões de viagens de ida e volta de São Paulo para o Rio de Janeiro.

Do ponto de vista de negócio, nossa perspectiva é de altíssimo crescimento, considerando o impacto que temos na forma de consumir dos brasileiros e nossa liderança também nos segmentos de autos e imóveis. O Grupo OLX fatura mais de R$ 1 bilhão no Brasil por ano, com 28% de margem de lucro, e nossa expectativa é que essa margem de lucro chegue a 50%.