Luciana Sarin: 'A gente herda o sofrimento dos nossos antepassados'
Evento reuniu especialistas para debater o poder do equilíbrio contra estresse e doenças somáticas.
Cláudio Lottemberg, curador do evento e head do LIDE Saúde. (Foto: Evandro Macedo)
O impacto da saúde mental em doenças somáticas foi abordado durante o Seminário LIDE | Saúde, realizado na manhã desta terça-feira (3) na CASA LIDE, em São Paulo. Especialistas destacaram a importância de priorizar essa questão na agenda e no cotidiano dos brasileiros, que atualmente estão entre as populações com mais problemas psicológicos do mundo, conforme o relatório do Global Mind Project, que divulga dados anuais sobre o bem-estar global.
Arthur Guerra, médico psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Arthur Guerra, médico psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental, enfatizou a necessidade de um cuidado integral da saúde. Para ele, a integração entre mente e corpo reflete em sintomas e doenças que exigem um tratamento além das medicações. “Cuidar do sono, da alimentação e do estresse traz uma qualidade de vida que pode transformar a situação de muitos pacientes”, afirmou.
Evelin Goldenberg, mestre e doutora em reumatologia pela Unifesp. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Evelin Goldenberg, mestre e doutora em reumatologia pela Unifesp, reforçou a importância de uma abordagem integrada da saúde. De acordo com ela, um terço dos pacientes atendidos em consultórios apresenta sintomas somáticos, como dores pelo corpo, cansaço inexplicável, sono desregulado e vômitos sem causas aparentes, que podem estar ligados a traumas físicos, mudanças climáticas, mas, principalmente, ao estresse emocional. “A história pessoal também pode ser uma causa de problemas de saúde futuros”, lembrou.
Apesar da dificuldade no diagnóstico, a médica defende um olhar atento dos especialistas para evitar que esses pacientes sejam rotulados como loucos. “Esses pacientes sofrem muito e acabam sendo rotulados como loucos, mas na verdade são profundos sofredores. Os quadros de dor têm um componente psicossocial, e um diagnóstico adequado já melhora a situação. A partir daí, é necessário estabelecer metas realistas para estimular a recuperação da autoestima e o prazer pela vida”, afirmou.
Fabio Narsi, médico endocrinologista e geriatra do Hospital Albert Einstein. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O equilíbrio e o autoconhecimento também foram temas abordados por Fabio Narsi, médico endocrinologista e geriatra do Hospital Albert Einstein, que defendeu a importância do autoconhecimento para uma vida em comunidade com menos impacto mental.
“É essencial ter algum nível de autoconhecimento que nos permita entender, por exemplo, que não é necessário comer aquele doce e que é possível encontrar prazer em fazer atividade física. Quando me volto para o outro, volto a relaxar – porque me volto para o eu”, explicou.
O efeito da Saúde Mental
Wagner Gattaz, professor titular e presidente do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP e CEO da Gattaz Health&Results. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Durante o segundo painel do Seminário LIDE | Saúde, Wagner Gattaz, professor titular e presidente do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP e CEO da Gattaz Health&Results, abordou a relação entre mercado de trabalho e saúde mental. Gattaz destacou que a falta de atenção à saúde mental pode resultar em um impacto econômico de até US$ 5 trilhões, com custos indiretos significativos relacionados à produtividade e acidentes de trabalho.
“O investimento em saúde mental vai além do bem-estar dos funcionários e proporciona um retorno financeiro substancial. A cada real investido, obtemos um retorno de R$ 7”, afirmou Gattaz. Ele recomendou o fortalecimento do apoio social e da autonomia dos funcionários como estratégias para reduzir os riscos associados a essas doenças.
Luciana Sarin, médica psiquiatra e coordenadora clínica do Observatório de Saúde Mental EPM/Unifesp. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Luciana Sarin, médica psiquiatra e coordenadora clínica do Observatório de Saúde Mental EPM/Unifesp, destacou a conexão entre genética e as doenças mentais, em especial, a depressão. Sarin lembrou que o estresse é o supervilão e fator importante para ativar a genética.
“A gente herda o sofrimento dos nossos antepassados. A experiência traumática vai alterar o material genético deles e, mesmo sem conviver, nos torna mais vulneráveis quando se encontramos o estresse na vida”.
Claudio Len, médico pediatra e reumatologista e professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Claudio Len, médico pediatra e reumatologista e professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, aconselha que a família aproveite as oportunidades corriqueiras para explicar e deixar as crianças conviverem com as frustrações – que ajudam na construção da inteligência emocional, presente, de forma mais ativa, nos dois primeiros anos de vida.
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