Sem infraestrutura e tecnologia de baterias, Brasil perde bilhões em energia limpa, alerta economista
Roberto Giannetti da Fonseca defende investimentos em logística, armazenamento de energia e ambiente regulatório moderno para transformar o potencial natural do país em vantagem competitiva global.
O Brasil tem todos os recursos para liderar a transição verde global, mas, segundo o economista Roberto Giannetti da Fonseca, ainda falha em transformar esse potencial em resultado. Falta infraestrutura, planejamento e tecnologia para armazenar a energia que o país já sabe gerar com excelência. O alerta foi feito nesta segunda-feira (14), durante a Brazil Emirates Conference, realizada pelo LIDE em Dubai.
“Temos 12% da água potável do mundo, um terço do território preservado e uma das maiores capacidades de geração de energia renovável do planeta. Mas sem logística e planejamento, seguimos desperdiçando bilhões em potencial”, afirmou.
Giannetti reforçou que a produtividade agrícola brasileira já é das mais altas do mundo, mas o país perde competitividade no momento de escoar a produção. Ele alertou que o custo da logística afeta diretamente o ganho do produtor rural:
“O preço pago ao produtor depende diretamente da logística. Quanto mais caro o transporte, menos dinheiro na fazenda.”
Ele comparou os modais logísticos, apontando que o transporte rodoviário custa mais que o dobro da ferrovia e quase quatro vezes o da hidrovia — setores ainda subexplorados no Brasil. “Ferrovia, hidrovia e porto são as três palavras que mais deveriam mobilizar o país neste momento”, disse.
Outro ponto central de sua fala foi o desafio de armazenamento de energia renovável. Segundo ele, o Brasil já conta com 90% de geração elétrica renovável, mas 35% a 40% vêm de fontes intermitentes, como eólica e solar, que exigem tecnologias de bateria para garantir fornecimento contínuo.
“Sem armazenamento, desperdiçamos bilhões de reais em energia que não conseguimos usar. O Brasil precisa dominar essa tecnologia se quiser transformar sua liderança ambiental em vantagem competitiva real.”
Ele concluiu destacando que o país tem condições de ser líder global na produção de alimentos, energia limpa e produtos industriais sustentáveis, mas isso dependerá de visão de longo prazo, ambiente de negócios estável e coragem para investir em infraestrutura estratégica.
A Brazil Emirates Conference | United Arab Emirates contou com o patrocínio da Ambipar, Banco BRB, Vale, TurisRio, Secretaria de Turismo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Hayman-Woodward, Itaminas e Prefeitura do Rio de Janeiro | Invest.Rio. O evento também teve apoio da JHSF, Emae, Prefeitura de Barueri, NSI, Escodelar, On Time e Nirmata Capital, além dos media partners: Grupo Jovem Pan, Jovem Pan News, Veja, Veja Negócios, Revista LIDE e TV LIDE. A Emirates foi a transportadora oficial, e a Maringá Turismo, a operadora oficial do evento.