Wilson Ferreira, da Eletrobras: 'O maior desafio do nosso século é a descarbonização da economia'
Realizado nesta sexta-feira (11), na Casa LIDE, evento reuniu autoridades e empresários para debater principais pautas de infraestrutura e energias renováveis
Realizado na Casa LIDE, evento reuniu autoridades e empresários para debater principais pautas de infraestrutura e energias renováveis (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
O futuro das concessões públicas, os investimentos na infraestrutura e as perspectivas e desafios das energias renováveis no Brasil foram destaque nesta sexta-feira (11), durante o Seminário LIDE | Infraestrutura, Logística e Energias Renováveis, realizado na Casa LIDE, em São Paulo. No evento, Wilson Ferreira, presidente da Eletrobras, defendeu a importância das energias renováveis e o potencial de crescimento e de exportação desse mercado.
A pauta sobre investimentos públicos e privados norteou o primeiro painel do evento, que reuniu autoridades e empresários para o debate sobre as concessões públicas.
“Tínhamos um estigma de que as concessões eram privatizações e de que a iniciativa era uma forma de exploração dos ativos públicos. Em 20 anos de trabalho, a maturação trouxe o entendimento de que isso é positivo para as iniciativas pública e privada", destacou o Diretor Institucional e de Novos Negócios da Acciona Brasil, Brenno Machado Nogueira.
Brenno Machado Nogueira (Diretor Institucional e de Novos Negócios da Acciona Brasil (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
Para Marcelo Allain, sócio na BR Infra Group, a tecnologia é o principal caminho para a transformação do setor. “A infraestrutura anda a passos muito lentos em comparação à necessidade e à demanda. Aos poucos, a tecnologia tem ajudado a solucionar esses problemas”, pontuou.
Infraestrutura
O papel dos investimentos e do financiamento da infraestrutura brasileira foi o principal ponto do debate do segundo painel do seminário. Para diretor-geral da IFC (International Finance Corporation – Brasil), Carlos Leiria Pinto, o foco de atenção dos investimentos nesse setor deve ser em transportes, água, saneamento e tratamento de resíduos.
“É um tema social e de saúde pública. Cerca de 41% do investimento de empresas de água pode ser perdido. Um país que lida com a seca em alguns estados não pode se dar ao luxo de perder mais de 40% de água nos pipes”. O executivo aposta, ainda, nas energias renováveis para o crescimento. “O hidrogênio verde tem muita força. O Brasil tem condições naturais e enorme capacidade de desenvolvimento, mas ainda está atrasado nesse ponto”, finalizou.
Na questão dos investimentos para o desenvolvimento do transporte público, Sergio Avelleda, sócio fundador da Urucuia e secretário de Transportes da cidade de São Paulo (2017-2019), acredita que é preciso mais alinhamento dos setores público e privado e mais cuidado na gestão. “Temos um ‘gap’ na mobilidade que é fruto da falta de gestão estruturada e unificada. Estamos enfrentando a maior crise do financiamento do transporte público da história”.
Sergio Avelleda, sócio fundador da Urucuia e secretário de Transportes da cidade de São Paulo (2017-2019). (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
Energias renováveis
O potencial brasileiro para o mercado de energias renováveis também ganhou destaque no debate. “Há quem diga que a Arábia Saudita está para o petróleo como o Brasil está para as novas fontes de energia”, pontuou o presidente do LIDE Infraestrutura e moderador dos painéis do seminário, Roberto Giannetti.
Presidente da Etetrobras, segunda maior companhia de energia renovável do mundo, Wilson Ferreira falou sobre a importância dos biocombustíveis para a troca dos combustíveis fósseis para as novas fontes de energia.
“O maior desafio que temos no nosso século é a descarbonização da economia. Somos muito tolerantes com os atrasos. Precisamos pensar além, já que podemos exportar fontes de energia renovável, como a amônia, por exemplo, que pode ser exportada”.
Wilson Ferreira, presidente da Eletrobras (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
A descarbonização também fez parte do discurso do diretor-geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, que pontuou a compra de crédito de carbono para a mitigação de CO2 como fator que movimenta a economia.
“Esse mercado movimentou mais de R$ 10 bilhões, e a tendência é que isso cresça ainda mais”. Alonso destacou, ainda, o que chamou de agenda de neoindustrialização. “Não é só uma reindustrialização, é uma industrialização verde baseada em matrizes descarbonizantes“, finalizou.
Alexandre Alonso, diretor-geral da Embrapa Agroenergia (Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha também acredita que o principal desafio da transição energética é o carbono. Para ele, o principal caminho está nas novas e diversas fontes de energia renováveis. “O futuro não será elétrico, será eclético”.
O Seminário LIDE | Infraestrutura, Logística e Energias Renováveis teve patrocínio de Acciona, Grant Thornton, Grupo BBF e JCB. Apoio da Scapini. Atmo, Eccaplan, Natural One, Prata e RCE foram os fornecedores oficiais.