Mais de 30% dos casos de assédio ocorrem no trabalho, diz KPMG
Pesquisa mostra que a maioria dos casos de assédio são de cunho psicológico ou moral.
Emerson Melo, sócio-líder da prática Forense da KPMG no Brasil e colíder na América do Sul. (Foto: Divulgação)
A maioria dos casos de assédio são de cunho psicológico ou moral (42%) e acontecem no ambiente de trabalho (33%) e no Sudeste (77%) do Brasil. Além disso, mais de 80% dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio, número que pode ser maior, pois muitos casos podem ser interpretados como brincadeiras pelas vítimas. Essas são algumas das conclusões do estudo “Mapa do Assédio no Brasil”, conduzida pela KPMG em fevereiro de 2023 com mais de mil respondentes de todas as Unidades Federativas.
O conteúdo destacou ainda que o segundo local com maior incidência de assédio é o transporte público (11%), seguido de ambientes com familiares, amigos ou conhecidos (9,5%). Isso ainda ocorre em instituições de ensino (8%), bares ou restaurantes (7,5%), locais abertos ou descampados (6%), shows e eventos (5%). Sobre a tipificação dos casos, depois dos 42% que citaram assédio moral ou psicológico, estão: assédio sexual (26%), discriminação (14%), retaliação (13%), assédio virtual ou cyberbullying (5%).
“Essas situações não podem ser permitidas e a entrada em vigor da Lei 14.457/22, em março de 2023, obriga empresas com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes a adotarem medidas para evitar diferentes tipos de assédios. Ainda assim, as organizações precisam ir além do compliance com uma postura mais proativa para combater essa violência. Essa é mais uma razão para elas implementarem um canal anônimo de denúncia para recebimento, investigação e acompanhamento dos casos”, afirma Emerson Melo, sócio-líder da prática Forense da KPMG no Brasil e colíder na América do Sul.
Sobre as regiões das ocorrências, depois do Sudeste, com 77% dos casos de assédio, estão Sul (9,50%), Nordeste (6%), Centro-Oeste (5,6%) e Norte (2,3%). Em termos estaduais, São Paulo registrou 56% dos casos, seguido por Rio de Janeiro (11%) e Minas Gerais (8%). Quatro em cada cinco pessoas (82%) que sofreram algum tipo de assédio decidiram não reportar o caso, com 55% que não denunciaram de qualquer forma e 27% que não reportaram porque não havia um canal de denúncia. Um quinto dos respondentes (12%) relataram o assédio aos responsáveis, 3% denunciaram à polícia ou em canais públicos, e apenas 2,4% denunciaram a responsáveis pelo ambiente no qual ocorreu a violência e, adicionalmente, recorreram à polícia ou a canais de comunicação públicos.
“É gravíssimo o alto índice de vítimas que optam por não denunciar os casos de assédio, o que, em muitos casos, decorre da falta de ferramentas e canais adequados para a busca de amparo e reparação. Para que esses casos não ocorram mais, as organizações que não estão preparadas para essas situações devem agir mais e disponibilizar um calendário de capacitação e treinamento para todos os níveis hierárquicos sobre violência, assédio, igualdade e diversidade no ambiente de trabalho”, afirma Carolina Paulino, sócia da prática Forense e Linha Ética da KPMG no Brasil.