Descarbonizar a Amazônia Legal com energia limpa e renovável prevê investimento de R$ 5 bilhões
Utilização de biocombustíveis a partir de óleo de palma é alternativa para descarbonizar região, com 212 localidades fora do sistema nacional de energia.
Milton Steagall, CEO do Grupo BBF, durante evento do LIDE em Nova York. (Foto: Divulgação)
Para ter acesso a energia elétrica, a população das localidades isolada da Amazônia Legal brasileira tem de conviver diariamente com a queima do diesel S500. Atualmente, 212 localidades da região não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e são atendidas por usinas termelétricas movidas, principalmente, por combustíveis fósseis.
Com o objetivo de descarbonizar a Amazônia Legal, o governo federal estuda o lançamento de um programa que visa entregar energia limpa e renovável a comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas. O custo para essa ação é de pelo menos R$ 5 bilhões, segundo previsão do Ministério de Minas e Energia (MME).
Há 15 anos, o Grupo BBF (Brasil BioFuels) disponibiliza uma solução para a região: a geração de energia elétrica a partir de biodiesel e biomassa oriundos da produção da palma de óleo, também conhecida como dendezeiro.
O Grupo BBF possui hoje 38 usinas termelétricas na região, com capacidade total de geração de 238 MW. Atualmente, 25 usinas estão em operação com capacidade de gerar 86,8 MW, atendendo 140 mil pessoas. Com isso, o Grupo BBF retira mais de 106,4 milhões de litros de diesel fóssil da Amazônia por ano e reduz a emissão de cerca de 250 mil toneladas de carbono equivalente na atmosfera.
“Somos a única empresa a operar 100% com biodiesel B100 em substituição ao diesel fóssil em escala comercial nos Sistemas Isolados. Existem mais de 200 localidades na região Norte que pertencem aos Sistemas Isolados, ou seja, que não estão conectados com o Sistema Interligado Nacional de abastecimento de energia elétrica. Nestas comunidades, há pequenas usinas para fornecer eletricidade, sendo a maioria movida a diesel S500”, explica Milton Steagall, CEO do Grupo BBF.
De acordo com o executivo, a Amazônia está “intoxicada” pela queima do diesel usado no transporte e na geração de energia elétrica para as comunidades isoladas. Para se ter ideia, o diesel S500, mais utilizado para a geração de energia na região, contém alto teor de enxofre (500 mg/kg) e alto percentual de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA), substâncias comprovadamente cancerígenas. Além disso, o combustível contribui para a ocorrência de chuvas ácidas.
“O biodiesel de óleo de palma não contém enxofre, não emite substâncias cancerígenas e evita a emissão de CO2, oferecendo incontáveis benefícios ambientais, sociais e à saúde pública. Este produto se mostrou uma solução estratégica para ajudar a limpar a matriz da região, descarbonizar o pulmão do mundo e garantir segurança no abastecimento de energia”, diz Steagall, que desde o início dos anos 2000 estuda os desafios energéticos da região amazônica.
Para ele, os altos índices de chuva da região e as dificuldades de logística acabam inviabilizando a produção de energia solar ou eólica em muitas dessas localidades. “A produção de palma de óleo é uma solução para os problemas da região”, afirma.
Produção sustentável, emprego e renda
Companhia se destaca por ser um dos maiores empregadores da região amazônica. (Foto: Divulgação)
A produção da palma de óleo da região também ajuda na solução de outros problemas enfrentados pela população: a falta de emprego e de renda, além da ocupação de áreas antes desmatadas.
O cultivo da planta segue uma das legislações mais rígidas do mundo, o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, definido pelo Governo Federal no decreto de 7.172 de maio de 2010. Segundo a legislação, a palma de óleo só pode ser cultivada em áreas degradadas da região até dezembro de 2007. Ao todo, 31 milhões de hectares no Brasil estão aptos a cultivar a palma de óleo.
Devido às características da planta, o cultivo da palma de óleo não pode ser mecanizado. “É por isso que defendemos que além de ser uma cultura que recupera áreas degradadas da Amazônia, é também uma solução para a geração de emprego e renda na região. A gente só vai ter um país justo e falar de impedir o desmatamento quando pudermos oferecer emprego para essa população. Atualmente, cerca de 29,6 milhões de pessoas vivem na região amazônica, segundo o IBGE. É fundamental criar oportunidades de emprego e renda para essa população, desde que se mantenha a floresta em pé”, afirma Steagall.
O Grupo BBF se destaca por ser um dos maiores empregadores da região amazônica, com seis mil empregos diretos e 18 mil indiretos gerados. A companhia possui mais de 75 mil hectares cultivados com a palma de óleo nos estados do Pará e Roraima e é a maior produtora de óleo de palma da América Latina. A expectativa é dobrar o número de empregos gerados nos próximos anos com o plantio adicional de mais 100 mil hectares de palma de óleo na região e a inauguração da inédita biorefinaria para produção do Diesel Verde (HVO) e do Combustível Sustentável de Aviação (SAF).