Acirramento da concorrência é principal desafio externo para empresas brasileiras

Estudo da EY aponta que os entrevistados consideram a entrada de novos competidores e substitutos como o maior ponto de atenção para os próximos três anos.

Victor Guelman_EY_DivulgaçãoVictor Guelman, sócio-líder de market e business development da EY Brasil. (Foto: Divulgação)

As empresas brasileiras consideram o acirramento da concorrência como o principal desafio externo dos próximos três anos, de acordo com a pesquisa “Desafios e Tendências das Empresas em LATAM 2025”, produzida pela EY. Mais de três a cada quatro (34%) executivos escolheram a resposta “entrada de novos competidores e substitutos, tanto globais como locais” – aumento de cinco pontos percentuais em relação à última edição do estudo. Na sequência, com 31% da preferência, aparece o cenário econômico local, mesma porcentagem do ano passado. Na terceira posição, os riscos próprios do setor, com 30%, também foram muito lembrados pela amostra brasileira. No total, foram entrevistados 1.720 executivos nos cargos de diretores e C-Levels de diversos setores e países latino-americanos, como Argentina, Chile, Colômbia e México. A amostra brasileira é formada por 207 respondentes.

“As alterações do cenário internacional causadas, por exemplo, pela geopolítica fazem com que as empresas estejam preocupadas com mudanças na cadeia de fornecimento, o que pode impactar seus negócios. Além disso, a tecnologia tem estimulado a chegada de novos entrantes, que têm o potencial de transformar mercados inteiros”, diz Victor Guelman, sócio-líder de market e business development da EY Brasil. O desempenho da economia brasileira, embora ainda positivo, deve sofrer os reflexos mais intensos do ciclo de aumento de juros no segundo semestre, com impacto no consumo das famílias e na contratação de crédito por consumidores e empresas. Há ainda a preocupação com o déficit fiscal do governo, que continua no radar dos investidores.

Outros desafios externos apontados pelos entrevistados foram mudanças na demanda, preferências e comportamentos dos clientes e consumidores, com 28%, e reformas tributárias, com 26%. Também por causa da tecnologia, tem sido observada mudança no comportamento do consumidor em todo o mundo, com a busca por uma experiência de compra cada vez mais personalizada e acessível em diferentes canais de contato. “As empresas precisam estar atentas a isso para que idealmente consigam se antecipar a essas necessidades dos clientes”, observa Guelman.

Sobre as reformas tributárias, além daquela incidente sobre o consumo que entra em vigor a partir do próximo ano, as empresas estão precisando se adequar a uma série de mudanças de alcance global, como o Pilar 2 e as regras do preço de transferência alinhadas às da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). “No âmbito da reforma tributária, há inclusive um movimento por parte das empresas de fazer o outsourcing da gestão dos tributos atuais para que foquem a atenção dos seus profissionais na preparação para o novo sistema tributário. Ou o inverso, mantendo nesse caso a equipe concentrada naquilo que precisa fazer hoje e terceirizando a conformidade com os novos tributos”, destacou o sócio-líder de impostos da EY Brasil, Waine Peron, em evento realizado recentemente pela EY. Ainda segundo o executivo, esse movimento ocorre por causa da agenda intensa de mudanças, que tem exigido dos profissionais tributários um esforço enorme para estar em conformidade com elas.

Por fim, os executivos entrevistados na amostra brasileira apontaram como desafio externo o cenário econômico global, com 23% das respostas (queda de um ponto percentual em relação ao ano passado), e a incerteza da política local, com 18% da preferência (queda também de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior).

Mudanças climáticas

O que também chamou a atenção, no estudo “Desafios e Tendências das Empresas em LATAM 2025”, foi o aumento de seis pontos percentuais da edição de 2024 para a deste ano nos riscos associados às mudanças climáticas. Essa resposta foi escolhida por mais de um a cada dez executivos (13%). O cenário é de insatisfação dos investidores com a qualidade dos reportes não financeiros das empresas, de acordo com o levantamento EY Global Institutional Investor Survey 2024. Oito em cada dez respondentes consideram que a materialidade precisa melhorar muito, mesma porcentagem em relação à comparabilidade desses relatórios entre os emissores.

Já 64% apontam a transparência e definições acerca da informação reportada como a dimensão de sustentabilidade que mais precisa evoluir. Por fim, 62% consideram que a precisão ou acuracidade do relatório é o fator que requer maior atenção das empresas. Foram entrevistados 350 investidores tomadores de decisão de instituições em todo o mundo, incluindo empresas de gestão de ativos, de gestão de patrimônio, seguradoras e fundos de pensão.