88% dos presidentes de Conselhos não exercem função executiva na empresa, indica pesquisa
Estudo 2023 do EY Center for Board Matters, também aponta que apenas 14% das empresas dos participantes possuem mulheres nessa posição.
Roberto Azevedo, sócio de Consultoria em Organização e Gestão de Pessoas da EY Brasil. (Foto: Divulgação)
A EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, lançou a pesquisa 2023 sobre o papel da presidência do Conselho de Administração, realizada pelo EY Center for Board Matters com membros de Conselhos de diferentes setores e tamanhos de companhias, sendo 36% de empresas listadas na bolsa de valores, com o objetivo de traçar um perfil que permita entender melhor as características gerais de quem exerce a posição. Entre os insights mais relevantes, o estudo indica que 88% dos presidentes não exercem função executiva na empresa.
“Isso reforça que esses profissionais não fazem parte da diretoria, com cargos de C-level. Eles têm mais a função de "aconselhar" do que administrar de fato”, explica Roberto Azevedo, sócio de Consultoria em Organização e Gestão de Pessoas da EY Brasil. Além disso, apenas 14% das empresas dos participantes possuem mulheres na posição. “Essa ainda é uma realidade e temos baixa diversidade nos Conselhos”, completa.
Já o perfil do(a) presidente é de um(a) profissional experiente, com idade média de 59 anos e aproximadamente 1/3 ocupa o cargo há mais de 4 anos. A pesquisa também reforça que, cerca de 20% dos(as) presidentes de Conselhos também são representantes institucionais e/ou porta-voz de suas empresas. Segundo Roberto, “outro ponto interessante reforçado na pesquisa é que apenas uma a cada quatro empresas conta com um plano de sucessão formal para a presidência do Conselho de Administração”.
Em relação à avaliação e remuneração, 59% dos participantes afirmaram que não são formalmente avaliados e 53% informaram que o(a) presidente recebe uma remuneração diferenciada em relação aos demais. “Além disso, apenas 14% dos(as) presidentes das empresas participantes recebem também uma parcela variável relacionada ao desempenho, além da remuneração fixa”, explica Azevedo.
“Outro questionamento bem interessante que fizemos durante a execução dessa pesquisa foi sobre a percepção de “poder de decisão” que CEO e presidente do Conselho possuem dentro da companhia”, conta o executivo. O resultado disso é que 24% dos participantes indicam que o(a) presidente do Conselho de Administração tem mais poder, enquanto 48% acredita que é o(a) CEO, 23% indicam que os poderes são equivalentes e 5% informaram que ambos são a mesma pessoa.
A grande maioria, 92% dos participantes, concorda que o(a) presidente do Conselho de Administração tem como norte a sustentabilidade de longo prazo e atender os diferentes grupos de interesse/stakeholders da empresa. Para Roberto, “esse posicionamento reforça ainda mais o papel de aconselhamento desse(a) profissional dentro das empresas. E, de modo geral, a liderança do(a) presidente do Conselho tem sido eficaz ou muito eficaz em administrar diferentes conflitos e interesses”.
Por fim, os aspectos qualitativos do estudo mostram que as qualidades mais relevantes para uma presidência eficaz são a visão estratégica e sistêmica do ambiente em que a empresa se encontra e a liderança inclusiva. Em contrapartida, as potenciais práticas negativas destacadas são relacionadas a um comportamento autoritário e centralizador da palavra, além do baixo domínio da agenda para condução da reunião.