Impacto das fintechs no mercado reduziu tarifas em 36,8%, diz estudo da FIPE
Economista destaca que abertura do mercado permite a eliminação de fronteiras e o incentivo à concorrência.
Economista destaca que abertura do mercado permite a eliminação de fronteiras e o incentivo à concorrência (Foto: Divulgação)
A chegada das fintechs ao mercado brasileiro vai completar 10 anos em outubro. Nessa década de atuação, as empresas entrantes no setor de serviços financeiros e de pagamentos aumentaram a concorrência, aceleraram a bancarização dos brasileiros e reduziram as tarifas bancárias, de acordo com estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) encomendado pela Zetta, associação des fintechs fundada pelo Nubank e Mercado Livre.
Em 10 segmentos do mercado, as fintechs alcançaram participações que chegam a 16,8%. Além disso, promoveram economia de R$ 7,9 bilhões em tarifas somente no último trimestre do ano passado e ajudaram a média das tarifas a cair de R$ 35,22 para R$ 22,27, ou 36,8% a menos.
De acordo com o estudo “Impacto das fintechs para competição e inclusão financeira”, que utilizou dados públicos do Banco Central (BC) e do Banco Mundial, num cenário sem as novas empresas de serviços financeiros digitais os brasileiros teriam pagado, somente no último trimestre de 2022, em torno de R$ 21,6 bilhões em tarifas bancárias. Com a atuação das fintechs, o valor observado foi de R$ 13,7 bilhões, uma economia de R$ 7,9 bilhões.
“Os números apresentados no estudo demonstram a importância da abertura do mercado, da eliminação de barreiras à entrada e do incentivo à concorrência. Podemos ver, na prática, como a disputa pela atenção do consumidor influencia o ambiente concorrencial e derruba preços e tarifas”, afirma Rafaela Nogueira, economista-chefe da Zetta.
O estudo da FIPE mostra que a participação de mercado das fintechs em 10 diferentes segmentos do setor é relevante. Em cartões de crédito, as empresas que passaram a atuar somente depois da regulamentação da Lei 12.865, em outubro de 2013, alcançaram 16,8% de participação no mercado em dezembro de 2022.
Nos depósitos à vista e contas de pagamento, as fintechs abocanham uma fatia de 10,3% do mercado, percentual muito parecido aos 10% do crédito pessoal não consignado. Nos depósitos a prazo, as fintechs são responsáveis pela captação de 8,3% do total.
“Os dados do estudo da FIPE concretizam uma percepção que está presente no dia a dia da população, em especial de quem optou, ou está pensando em optar, pelos serviços oferecidos pelos bancos digitais e instituições de pagamentos: a concorrência melhorou a oferta dos serviços e fez caírem os preços”, finaliza Rafaela.
“O cenário bancário após 10 anos da aprovação da lei que propiciou o desenvolvimento das fintechs é radicalmente distinto. Elementos como a digitalização dos serviços bancários e instrumentos de pagamentos instantâneos atualmente fazem parte do cotidiano das pessoas, com efeitos significativos sobre a inclusão financeira, propiciando aumento de bem-estar. Nosso estudo quantifica alguns desses mecanismos e efeitos para a população”, comenta Márcio Issao Nakane, coordenador da equipe técnica da FIPE responsável pela pesquisa.
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