Estudo do BCG revela que 83% das empresas veem inovação como prioridade, mas apenas 3% estão prontas para isso
No Brasil, apenas metade dos executivos acreditam que inovar é uma prioridade e 70% deles citam a cultura avessa ao risco como principal obstáculo.
No Brasil, apenas metade dos executivos acreditam que inovar é uma prioridade e 70% deles citam a cultura avessa ao risco como principal obstáculo. (Foto: Freepik)
O 18º estudo anual de inovação do Boston Consulting Group (BCG), intitulado Innovation Systems Need a Reboot, avaliou a maturidade da inovação de empresas em uma escala de 100 pontos por meio de uma pesquisa realizada com mais de 1.000 executivos seniores em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Segundo o material, um recorde de 83% dos respondentes classifica a inovação entre as três principais prioridades de suas organizações e 86% estão experimentando a IA generativa (GenAI), principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos e soluções. Entre os setores que destacam a inovação como tema prioritário estão tecnologia (98%), mídia e entretenimento (94%), bens duráveis (91%), química (91%) e viagem, turismo e hospedagem (87%).
Além disso, o BCG indica que, apesar de entenderem que a colaboração entre diferentes áreas da empresa é fundamental para que a inovação realmente aconteça, menos da metade (48%) das companhias fez algum esforço para alinhar suas estratégias de negócios e inovação. Entre as que conseguiram, apenas 12% relatam que os esforços conjuntos entre as áreas estão gerando um impacto real.
“Essa falta de alinhamento entre as estratégias de negócios e inovação pode ser um dos fatores que contribuem para a baixa prontidão para inovação observada em 2024, em que apenas 3% das instituições se qualificaram como 'prontas para inovação', uma queda acentuada em relação a 2022, quando esse índice era de 20%”, reflete Bruno Vasconcellos, diretor executivo e sócio do BCG.
Cenário brasileiro
Essa realidade é particularmente desafiadora no Brasil, onde apenas 50% dos executivos veem a inovação como uma das prioridades centrais do negócio. Para 70% dos brasileiros entrevistados, a cultura avessa ao risco é o maior desafio para a instituição, seguida por estratégias não claras ou excessivamente amplas (45%) e falta de governança robusta (40%).
Em relação ao uso da GenAI, 65% das empresas brasileiras estão começando a utilizá-la para impulsionar a inovação, sendo que 35% estão experimentando a tecnologia em áreas limitadas e 30% a implementaram em aplicações selecionadas. Porém, nenhuma está aplicando a GenAI em escala, em contraste com a média global de 8%.
“As empresas brasileiras devem intensificar suas estratégias de inovação e utilizar a GenAI como um acelerador. Para tanto, devem se concentrar em seis elementos-chave: propriedade executiva, claro senso de propósito, foco na vantagem competitiva, domínios específicos, estrutura de portfólio direcionada e objetivos quantificáveis. Companhias que implementam pelo menos quatro desses elementos têm mais de 50% das vendas provenientes de inovações em comparação com seus concorrentes”, afirma Vasconcellos.
O relatório mostra ainda que organizações que já usam GenAI têm 80% mais probabilidade de se identificarem como líderes em inovação e cinco vezes mais probabilidade de aplicar essa tecnologia em escala.
Para adentrarem no universo da inovação e, assim, se tornarem mais competitivas no mercado, o BCG sugere que as companhias invistam em cinco ações:
1. Fazer benchmarking dos processos e práticas de inovação.
2. Vincular a ambição de inovação à estratégia de negócios com uma visão clara de sucesso.
3. Construir uma visão estratégica para identificar novas oportunidades e expandir vantagens competitivas.
4. Usar GenAI para reformular funções principais e capturar valor significativo em termos de eficiência, inovação e crescimento de receita.
5. Utilizar GenAI para inventar novos produtos, serviços e modelos de negócios.