Estimativa de alta da carteira de crédito para 2024 tem nova revisão e cresce para 10,3%
Pesquisa da Febraban também revela que 85% dos participantes entenderam como adequada a atitude do Copom de manter a Selic inalterada em 10,5% ao ano.
Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. (Foto: Divulgação)
A projeção de crescimento para a carteira de crédito em 2024 registrou mais uma revisão positiva, passando de uma alta esperada de 10% na pesquisa de junho, para 10,3%. É o que revela a nova edição da Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, realizada com 20 bancos entre 7 e 12 de agosto. O novo avanço das projeções foi disseminado entre todos os segmentos, porém mais significativo na carteira com recursos direcionados, mais sensível às políticas públicas, cujo crescimento esperado em 2024 subiu para 12,1% ante alta de 11,3% do último levantamento.
De acordo com a pesquisa, na linha destinada às empresas na carteira direcionada, a estimativa de crescimento passou de 11,7% para 12,6% e na carteira destinada às famílias, de 10,9% para 11,6%. A expectativa de expansão da carteira livre também aumentou, mas de forma mais modesta, passando para 9,5% (ante 9,2%), em função da revisão positiva para o crescimento da carteira destinada às famílias (de 10,6% para 11%). Já a expectativa de alta da carteira Livre Pessoa Jurídica ficou estável em 7,4%.
A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
Com este olhar prospectivo, essa pesquisa se diferencia da Pesquisa Especial de Crédito, divulgada mensalmente e que procura antecipar os números do mês anterior que são divulgados na Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central.
“Na primeira edição de 2024 da Pesquisa de Economia Bancária, feita em fevereiro, a expectativa de crescimento para a carteira total era de 8,4%, e agora passou para 10,3%, movimento que pode ser explicado pelos números positivos observados no 1º semestre, num ambiente de juros e inadimplência menores. Os estímulos que serão implementados para a recuperação do Rio Grande do Sul neste 2º semestre também justificam a revisão, especialmente na carteira com recursos direcionados, além do mercado de trabalho aquecido e aumento da massa salarial, que têm beneficiado o crédito destinado para o consumo”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“Por outro lado, como temos alertado, é importante atentar para a evolução do cenário macro no segundo semestre para checar se esta tendência será mantida ou se um eventual aumento das incertezas poderá influenciar negativamente esta trajetória”, complementa o diretor.
Com relação ao desempenho do crédito em 2025, a projeção para a alta da carteira total ficou estável pela terceira pesquisa consecutiva em 8,9%, refletindo a expectativa de manutenção de um bom ritmo de crescimento da linha direcionada (+9,6%). Por outro lado, houve modesta queda na previsão de expansão da carteira livre (de 8,7% para 8,6%).
Quanto à taxa de inadimplência da carteira livre, a pesquisa capturou estabilidade na projeção para 2024, com a média das projeções permanecendo em 4,4% da carteira - o indicador está em 4,6%, segundo dados de junho do Banco Central. Para 2025, a projeção registrou ligeira piora, subindo de 4,2% para 4,3%.
Selic
De acordo com a pesquisa, a grande maioria (85%) dos participantes entendeu como adequada a atitude do Copom de manter a Selic inalterada (10,50% ao ano) e de não indicar de forma concreta uma alta dos juros no curto prazo. Diante disso, a mediana para a taxa Selic coletada na pesquisa se manteve estável em 10,5% ao ano até o 1º trimestre de 2025.
Câmbio
A expectativa para a taxa de câmbio seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores, mas com perspectiva de alguma apreciação do real ao longo deste semestre, quando voltaria para cerca de R$ 5,30.
Inflação
As projeções para a inflação deste ano seguem com viés de alta. Metade dos entrevistados entende que o IPCA pode superar 4,2% em 2024, enquanto 45% entendem que as projeções atuais (entre 4,1% e 4,2%) já estão bem calibradas.
PIB
Com relação à atividade econômica, o viés também é de ligeira alta. Para 45% dos participantes, o crescimento do PIB esperado ficará acima da projeção atual do mercado (2,20%) para este ano. Já 40% estimam que a expansão ficará em linha com o consenso.
EUA
Quanto aos juros nos EUA, a maioria dos entrevistados (65%) espera que o Fed reduza a taxa de juros entre 0,75 e 1,0 ponto percentual até o fim do ano. Isso porque a percepção é de uma desaceleração suave da atividade no país, e não de uma recessão.