Setor de consumo e varejo investe e busca certificações de sustentabilidade
Consumidores brasileiros se mostram cada vez mais preocupados em conhecer os impactos positivos ou negativos de toda a cadeia produtiva daquilo que compram e consomem
De olho no futuro, clientes, investidores e colaboradores têm se sentido mais motivados ao se relacionar com uma instituição que possua metas de sustentabilidade bem definidas, aliada a boas práticas de ESG. No varejo, o consumidor também começa a se atentar a tais métricas e exigir determinados parâmetros na escolha de produtos, serviços e das marcas que consomem.
“A governança passou a ser tônica do mercado na última década, especialmente após a Operação Lava Jato, que abriu os olhos da cadeia empresarial com relação as boas práticas. É essencial, para a longevidade de um negócio, possuir rigorosas condutas relativas à prestação de contas, ações de lideranças, políticas anticorrupção e oferecimento de mecanismos e canais de denúncia internos”, pontua Guilherme Martins, advogado e sócio do escritório Mazzucco&Mello Advogados.
Existe uma aproximação aos anseios do público consumidor, cada vez mais preocupado em conhecer os impactos positivos ou negativos de toda a cadeia produtiva daquilo que compra e consome. O exemplo mais óbvio talvez seja a evidente rejeição do público em se relacionar com empresas que, por exemplo, adotem práticas coniventes com políticas exploratórias de mão de obra (trabalho análogo à escravidão).
Além do impacto reputacional, o não alinhamento às melhores práticas ESG pode implicar em perda de receita para as empresas, que deixam ser a escolha de uma fatia cada vez mais representativa do mercado de consumo.
Guilherme Martins, advogado e sócio do escritório Mazzucco&Mello Advogados. (Foto: Divulgação)
Por outro lado, “a depender da forma que tais práticas são estabelecidas, é possível obter incentivos fiscais, especialmente por parte do Fisco Federal”, reforça o advogado, mostrando que há, sim, benefícios como redução de custos ao adotar práticas mais sustentáveis
Há, inclusive, certificações de diversos institutos nacionais e internacionais que podem ser conferidas às empresas de varejo que possuem boas práticas em ESG. Uma das certificações mais conhecidas é a do Sistema B, conferida pela B-Lab.
O objetivo é fazer com que o consumidor perceba que a sustentabilidade é parte dos valores da empresa, presente em todos os processos e pontos de contato do cliente com a marca. “Hoje, essa é uma proposta de valor importante para atrair consumidores, além demonstrar cuidado com os impactos da atividade no planeta”, resume o advogado.
A conexão entre varejistas e pequenos produtores promove práticas mais sustentáveis
Pequenas e microempresas costumam possuir processos produtivos menos sofisticados e mecanizados que os grandes produtores. E essa conexão entre varejistas e pequenos produtores possui benefícios mútuos: Grandes varejistas, geralmente concentrados em centros urbanos, atingem novos públicos, cada vez mais preocupados com a origem do que consomem e geram valor para a marca, além de auxiliar na movimentação da economia. Pequenos produtores, têm a possibilidade de ampliar a produção e se tornam parte da cadeia que garante segurança alimentar e práticas de sustentabilidade.
Martins ressalta que “a produção em pequena escala também costuma trazer menos impactos ambientais, além de contribuir com a diminuição da concentração econômica, já que será necessário contratar um número maior de pequenos produtores para se atender ao mesmo volume geralmente produzido por uma empresa desenvolvida para atender em larga escala.”