ESG virou sinônimo de oportunidade, mas requer planos concretos de ação

Este é o alerta de empresários e especialistas que participaram do primeiro Fórum LIDE ESG. Evento ocorreu de maneira híbrida, com rígidos protocolos, e debateu os desafios dos conceitos aplicados na sigla.

9a073953-34da-4124-af3c-269991299cb2Head de ESG da Cosan, Marina Carlini. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

Empresários e especialistas afirmam que os pilares que sustentam a sigla ESG (ambiental, social e governança) podem oferecer oportunidades, mas requerem um plano concreto de ação que vai além ao ganho econômico. O alerta aconteceu durante o primeiro Fórum LIDE ESG, ocorrido de maneira híbrida, em São Paulo, nesta terça-feira (3).

Para o curador do evento, Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade, o setor produtivo deve ser o exemplo de como mudar e evoluir com o meio para servir de inspiração aos demais setores. "Hoje, quem manda é o consumidor, se não nos adaptarmos às mudanças, não estaremos cumprindo nossos objetivos", lembrou.

A programação se dividiu entre a manhã e a tarde. Riscos, impactos, desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável, economia circular, estratégias do setor privado no combate ao aquecimento global e economia de carbono zero estiveram entre os temáticas dos painéis que reuniram representantes dos setores público e privado.

795783b4-8cd5-4db7-afd5-95a463b201f1Presidente do Conselho do Instituto Arapyaú, Roberto Waack. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

O presidente do Conselho do Instituto Arapyaú, Roberto Waack, fez uma ponderação sobre o "mundo de oportunidades" ofertado pelo ESG. "O conceito nos faz refletir sobre os danos e impactos do modelo de gestão das empresas na nossa sociedade. Serve para refletirmos sobre como podemos trazer benefícios para a população como um todo".

O gerente geral corporativo de Sustentabilidade na Usiminas, André Chaves de Andrade, disse que o tema deve ser trabalhado a longo prazo pelas organizações. "Reconhecemos que, sem o envolvimento governamental, temos mais um obstáculo para buscarmos fontes de energia limpa a baixo custo. Sustentabilidade se constrói em rede".

O diretor de Relações Institucionais da Tereos Brasil, Rodrigo Simonato, avaliou que o Brasil está pronto para o mercado de descarbonização imediata. "Partindo do princípio que o etanol emite menos gás carbônico que a gasolina, por exemplo. Isso condiz com confiabilidade nas práticas sustentáveis", comparadou.

b77de98c-6a00-4e09-8986-85ee26894490Diretora da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.  (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

Diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro disse que o mundo vive um momento de emergência climática e que o Brasil deveria priorizar o tema. "Falar da proteção da mata é o melhor exemplo que tenho para trazer para a discussão do ESG, pois é a partir daí que devemos buscar transformação no modelo de negócios das empresas".

O diretor-presidente do Instituto EcoFaxina, William Schepis, alertou sobre os impactos da fauna diante da irresponsabilidade socioambiental. "Muita gente não tem a dimensão da biodegradação. A ausência de preservação e, como consequência, o descarte irregular de resíduos, traz problemas sociais e econômicos", ponderou.

O deputado federal e relator do projeto de lei que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Arnaldo Jardim, disse que a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento gera mudança significativa em investimentos no âmbito social, se alinhando às práticas ESG. "Algo muito positivo para qualidade de vida e saúde da população".

12b8ea1a-a081-4fe1-9d49-94fcc36fb8eb
Vice-presidente executiva do Santander Brasil, Patrucia Audi. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

A vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil, Patrícia Audi, disse que a solução para questões socioambientais dependem muito da parceria entre os setores público-privado. "Fizemos parceria com nossos concorrentes devido à preocupação que temos com o tema".

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, defendeu a união das forças para fazer valer a temática. "Não há compromisso privado que não esteja alinhado à governança pública. O maior problema do ESG é o G, de governança. Porque, é a partir daí, que se constrói a visão social e ambiental", disse.

O secretário da Justiça e da Cidadania do Estado de São Paulo, Fernando José Costa, lembrou que no passado era impossível associar desenvolvimento social ao lucro das companhias. "Agora, se as empresas não se adaptarem ao ESG, perderão muito espaço no mercado. As empresas praticamente não sobreviverão sem demonstrar essas boas práticas".

c7081bbb-f0b9-4d72-a290-6e4181e59fa0Marcello Brito, presidente da Associção Brasileira do Agronegócio (Abag). (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

Aquecimento global e carbono zero

O diretor de Sustentabilidade Corporativa da JBS, Márcio Nappo, anunciou que a companhia tem por objetivo zerar todas as emissões de gases até 2040 e, até 2030, a intenção é que as unidades da empresa tenham energia 100% renovável. "As metas de descarbonização devem seguir a ciência para que ocorram de acordo com a cadeia de valor".

A head de ESG da Cosan, Marina Carlini, garantiu que o grupo está focado em ações de combate ao aquecimento global. "Sob o ponto de vista de Mudanças Climáticas temos uma atuação de dupla importância. A primeira onde oferecemos produtos e serviços que auxiliam nossos clientes a descarbonizarem suas operações, como o etanol da Raízen e a logística ferroviária da Rumo e a segunda onde buscamos continuamente oportunidades que ou reduzam ou capturem carbono em nossas atividades”.

O vice-presidente de assuntos Regulatórios e Institucionais da TIM, Mario Girasole, disse que o plano de investimento contempla a busca por energia renováveis. "A qualidade e quantidade de energia utilizada são insuficientes se não colocarmos a transparência como terceiro pilar, uma prestação de contas na modalidade visível e com continuidade", afirmou.

d99c1e51-36aa-4aa9-89e9-96b47dbab7c0A presidente da Fundação Toyota, Viviane Mansi. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)

A presidente da Fundação Toyota, Viviane Mansi, considerou que os princípios de responsabilidade devem estar nos valores da governança. "É importante economizar, no sentido amplo, e transmitir que isso é sistêmico, que vai além da produtividade. Um legado que ficará para as gerações que assumirão as cadeiras diretoras no futuro".

Para a diretora-presidente do Instituto Tanaloa, Natalie Untersell, é preciso acelerar o processo de carbono zero. "Não é uma política de redução, mas sim de renovação de fontes energéticas. Estamos dando um recado ruim para o mundo. Agora, cabe a nós e o setor privado revertemos essa má impressão perante a outras nações".

O CEO da Moss, Luis Adaime, disse que o grande desafio é reduzir consideravelmente, nas próximas duas décadas, a emissão dos gases na atmosfera. "Temos até 2030 para reduzirmos a emissão de carbono ou estaremos de um cenário catastrófico, com reflexos negativos no clima global, entre outros riscos à humanidade", alertou.

WhatsApp Image 2021-08-03 at 15.01.32Diretor de Sustentabilidade Corporativa da JBS, Márcio Nappo. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)


1º Fórum LIDE ESG - manhã 

1º Fórum LIDE ESG - tarde