COP30: cientistas se unem pelo fim dos combustíveis fósseis no mundo
“Precisamos, para termos um futuro com um clima adequado para os nossos filhos e nossos netos, eliminar o mais rapidamente possível o uso de combustíveis fósseis em nosso planeta”.
Especialistas alertam sobre necessidade de eliminar rapidamente o usi de combustíveis fósseis no planeta. (Foto: Freepik)
Cientistas de todo o mundo estão pedindo que o Brasil lidere a transição energética. Eles ressaltam que o Brasil, com sua experiência em energias renováveis e sua biodiversidade, tem a oportunidade de liderar a transformação global para um futuro sustentável. As mudanças climáticas atingem vários setores da sociedade, entre eles o dos combustíveis fósseis. Os países desenvolvidos devem participar ajudando financeiramente os que mais precisam para que exista a transição energética de forma igualitária, explica o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP, especialista em mudanças climáticas globais.
Troca de combustíveis
“A troca do combustível fóssil é uma excelente alternativa para o Brasil, um país que pode usar diversos recursos naturais além da vantagem econômica”, afirma Artaxo. A substituição por energia elétrica, por energia eólica e energia solar já é mais barata do que os custos da geração por combustíveis fósseis. A COP30 deve reunir o setor privado, governamental e não governamental, tornando-se um dos principais fóruns do assunto neste ano.
A indústria deve ser o principal setor atingido porque terá uma adaptação nas máquinas e produção. O setor de transportes deve passar pela maior mudança, já que piora em demasia a qualidade do ar em uma cidade como São Paulo e o transporte público deve estar presente nessa mudança, destaca o professor. O carvão e o óleo combustível precisam urgentemente serem substituídos na geração de eletricidade, já que existem outras alternativas sustentáveis. O Brasil é um dos países que mais levam vantagem em termos de produção de energias eólica e solar. A transição só deve beneficiar um país com uma extensão geográfica tão extensa, afirma.
Tempo de mudança
Artaxo coloca que “não existem necessariamente prazos para que essa transição energética seja implementada, mas obviamente a emergência climática faz com que quanto mais urgentemente sejam implantadas políticas de uma transição energética justa, melhor, o planeta agradece muito, pois será feita de maneira mais difícil o enfrentamento das mudanças climáticas, já que a emergência climática bateu às portas de todo o mundo ao longo dos últimos anos. Isso está fazendo com que a transição energética seja mais urgente possível”, avalia o pesquisador.
Mas é importante entendermos também que essa transição não pode ser feita de um dia para o outro, “mas temos que iniciar esse processo o mais rapidamente possível e implementar políticas públicas que favoreçam em cada país do nosso planeta, essa transição energética de maneira justa e de maneira rápida”. O professor avalia que a COP30 será o local adequado para que essas negociações para uma transição energética longe do uso de combustíveis fósseis sejam implementadas da maneira mais rápida e mais justa possível.
“Então, é fundamental que na COP30, nos documentos finais da COP30, serem acordados por todos os países signatários do acordo climático, sejam incluídas estratégias de eliminação do uso de combustíveis fósseis, que é a razão básica das mudanças climáticas globais, já que o 80% das emissões de combustíveis fósseis hoje e das emissões de gás de efeito estufa em nosso planeta são devido à queima de combustíveis fósseis. Precisamos, para termos um futuro com um clima adequado para os nossos filhos e nossos netos, eliminar o mais rapidamente possível o uso de combustíveis fósseis em nosso planeta”, finaliza.