Com ESG em alta, área de Procurement ganha espaço dentro das empresas
Segundo último relatório da Deloitte, fatores como ESG, pressões inflacionárias, incertezas geopolíticas e necessidade de transformação digital têm impactado globalmente setor de compras
Segundo último relatório da Deloitte, fatores como ESG, pressões inflacionárias, incertezas geopolíticas e necessidade de transformação digital têm impactado globalmente setor de compras (Foto: Divulgação)
De acordo com a edição mais recente do relatório 2023 Global Chief Procurement Officer (CPO) Survey - elaborado pela Deloitte, com 350 líderes seniores do setor de compras, em mais de 40 países, os critérios ESG passaram a ocupar o segundo lugar entre as prioridades das empresas este ano. Em 2021, quando o último estudo foi divulgado, o tema ocupava a sétima posição.
Outros fatores como pressões inflacionárias, incertezas geopolíticas e necessidade de transformação digital também têm impactado globalmente o setor de compras, criando um cenário no qual a área de Procurement vem ganhando espaço dentro das empresas.
Para Leo Cavalcanti, produtor de conteúdo em Procurement e CEO da Linkana, primeira fundação de dados de fornecedores compartilhada da América Latina, apesar de ainda não ter ocorrido um grande aumento de recursos ou prioridade, é nítido que, cada vez mais, a área vem sendo envolvida em demandas importantes.
“Nos últimos anos, houve uma mudança muito grande na percepção de riscos das organizações de compras. É um cenário em que Procurement pode ir além de ‘cumprir tabela’ e as regulações impostas e buscar protagonismo, como em identificar fornecedores mais eficientes em emissões de carbono, entender os riscos socioambientais em diferentes níveis da cadeia, dentre outras iniciativas. É importante também citar o crescente foco em diversidade e inclusão de fornecedores dentro do pilar social do ESG em compras, expandindo o horizonte de iniciativas internas mais restritas ao RH”, analisa o executivo.
O levantamento também revela que 42% dos entrevistados vê na transformação digital uma peça chave para estratégias de entrega de valor, ou seja, para conquistar a preferência de mercado. Entretanto, as principais barreiras para o sucesso da transformação digital em compras são a baixa qualidade dos dados, seguida pela falta de budget e integrações ruins entre sistemas.
“Ao analisar como a digitalização é implementada hoje, vemos que tecnologias de automação de processos e análise de dados ainda estão no topo. Porém, a disciplina de análise de dados vai além de ferramentas de Business Intelligence e dashboards. Ela já começa a navegar em análise preditiva baseada em modelos de Inteligência Artificial e Machine Learning. Isso não deveria ser nenhuma surpresa, principalmente com a popularização dos modelos de linguagem LLMs, como o ChatGPT, da OpenAI”, explica Cavalcanti.
Em relação aos sistemas utilizados para problemas específicos da jornada de Procurement, o relatório aponta uma arquitetura composta por um maior volume das aplicações chamadas “best-of-breed” (melhores da categoria). “Essa é uma tendência crescente que coloca em xeque a visão tradicional do setor de que um ERP ou sistema end-to-end único (E2E) seria capaz de resolver bem todos os problemas”, complementa o CEO.
Entre as conclusões feitas pela Deloitte, atenção ao desenvolvimento de modelos operacionais, retenção de talentos e capacitação quanto ao uso de recursos digitais para tomada e execução de decisões são apontadas como estratégias que irão diferenciar as empresas de sucesso daqui em diante. A companhia prevê ainda que o ambiente global de negócios continuará a ser volátil, incerto, complexo e ambíguo.