Cinco tendências globais para o setor de Energia e Recursos Naturais
Conclusões são da publicação “Revisão Estatística da Energia Mundial”, conduzida pela KPMG e pela AgênciaInternacional de Energia - IEA.
Anderson Dutra, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil. (Foto: Divulgação)
O ano de 2022 foi um período de disrupção no mercado global de energia com a recuperação dos efeitos da pandemia, o enfrentamento dos desafios geopolíticos e o aumento das preocupações climáticas. Além disso, com a volatilidade contínua impactando o setor, as organizações de energia e recursos naturais precisam ter dados cada vez mais atualizados para superar os atuais desafios. Essas são algumas das conclusões da publicação “Revisão Estatística da Energia Mundial”, conduzida pela KPMG e pela AgênciaInternacional de Energia - IEA.
“Os dados da publicação evidenciam que três crises interconectadas ocorreram conjuntamente em termos de fornecimento, preço e clima. Para superar esse cenário, e ampliar as oportunidades, governos, empresas e sociedade precisam executar ações urgentes direcionadas para mitigar efeitos do aquecimento global. É o caso de iniciativas para a redução do consumo de energia e o aumento em escala de recursos para a economia de baixo carbono”, afirma Anderson Dutra, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil, ressaltando que “no Brasil, segundo dados da EPE, a matriz energética ainda depende de aproximadamente 50% de fontes não renováveis, enquanto na matriz energética mundial as fontes não renováveis representam 82%. Já na matriz elétrica, os percentuais no Brasil chegam a 83% de fontes renováveis, enquanto montam 29% na matriz elétrica mundial”.
O conteúdo compila e analisa dados sobre produção, consumo e emissões mundiais de energia e fornece informações atualizadas, abrangentes e objetivas desde 1952. A publicação destacou ainda que todo esse mercado foi submetido a uma grande pressão em 2022, e que há cinco temas fundamentais que estão desafiando o setor:
1- Após a pandemia, os padrões de demanda por combustível para transporte continuaram a retornar, mas com grandes variações em todas as regiões e tipos de combustíveis. A China foi um caso isolado, em particular o combustível para aviação, que permaneceu com demanda significativamente abaixo do início da pandemia.
2- O conflito na Ucrânia e a redução dos fornecimentos russos à Europa precipitaram preços recordes internacionais do gás na Europa, os quais triplicaram, e na Ásia, os quais duplicaram, e mudanças sem precedentes ocorreram nos fluxos comerciais mundiais de petróleo e gás.
3- O forte ritmo de implementação das energias renováveis continuou, impulsionado por energia solar e eólica. Em 2022, aumentou a capacidade de construção de novas centrais eólicas e solares. Em conjunto, atingiram o recorde de 12% da produção de eletricidade, com a energia solar subindo 25% e a eólica 13,5%. “No Brasil as fontes eólicas e solar atingiram 24% da matriz elétrica”, afirma Anderson Dutra.
4- O consumo global de energia primária cresceu 1% em 2022, ficando quase 3% acima do nível pré-pandemia. Neste contexto, o gás registrou queda de 3% e as energias renováveis, excluindo a hídrica, aumentaram 13%. A predominância dos combustíveis fósseis ficou inalterada, com quase 82% do consumo total.
5- As emissões globais relacionadas com a energia continuaram aumentando, subindo 0,8%, apesar do forte crescimento das energias renováveis.
“A publicação é uma leitura essencial para os formuladores globais e nacionais de políticas públicas que atuam no setor. Apesar do crescimento recorde de energias renováveis, a energia mundial proveniente de combustíveis fósseis permanece bastante elevada. É um alerta para os governos atuarem com mais urgência na transição energética”, afirma Manuel Fernandes, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG na América do Sul e colíder Américas.