'Brasil investe muito pouco em prevenção e os desastres acontecem', alerta Carlos Nobre no Fórum LIDE ESG
Cientista reconhecido internacionalmente participou do Fórum LIDE ESG ao lado de especialistas, empresários e gestores públicos, em São Paulo.
Cientista Carlos Nobre, pesquisador da USP. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)
O Brasil deve ser protagonista global em mitigação de danos ambientais. A afirmação é do cientista Carlos Nobre, pesquisador da USP, que participou do Fórum LIDE ESG, nesta quinta-feira (6), em São Paulo. O evento reuniu empresários, ambientalistas e gestores públicos para debater a sustentabilidade nos negócios.
O fórum, ocorrido no Auditório Santander, foi dividido em cinco ciclos de conteúdo: mudanças climáticas, comunidades sustentáveis, cooperação para o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade social. O presidente do LIDE Sustentabilidade, Roberto Klabin, foi o curador do evento, que integra a Plataforma LIDE ESG.
"A adaptação é muito importante. O Brasil investe muito pouco em prevenção e os desastres acontecem diversas vezes. Mas quero bater o martelo na mitigação. Por exemplo, quando olhamos as emissões globais, principalmente nos últimos 50 anos, temos de entender o papel do Brasil: está entre os países que mais emitiram gases - 20% combustíveis fósseis e 80% desmatamento e agro", alertou Carlos Nobre.
Embaixador da FAO para o Cooperativismo, Roberto Rodrigues. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)
O embaixador da FAO para o Cooperativismo, Roberto Rodrigues, e ex-ministro da Agricultura, defendeu a conservação ambiental, a partir da exploração correta do meio ambiente, como aliada ao desenvolvimento socioeconômico dos países. Ele citou o Brasil como um exemplo na produção agrícola.
"O produtor rural brasileiro profissional não admite desmatamento. O problema fundiário na Amazônia está diretamente ligado à ilegalidade. E acho que falta um pouco mais pressão da população para que as coisas sejam feitas de fato. Nenhum país grande fez uma revolução tecnológica com sustentabilidade como o Brasil fez em tão pouco tempo", disse Rodrigues.
Fabio Barbosa, CEO da Natura & CO. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)
Fabio Barbosa, CEO da Natura & CO, defendeu o papel do setor produtivo na cadeia de conservação ambiental e como agente mobilizador social, de modo a ajudar a conscientizar a sociedade. "As empresas têm que olhar para frente além de risco, mas também de compliance. A tendência é boa e vamos ter um mundo melhor".
"ESG é uma tendência mundial. A Natura nasceu com isso. A gente nota uma mudança de padrão, de padrão de consumo e de investimento. As pessoas começam a olhar como as empresas tratam a questão ambiental, do ESG como um todo. A gente tem de se adaptar ao que o mercado está demandando. Nós temos de nos conectar com o novo consumidor", afirmou Barbosa.
Carolina Learth, head de Sustentabilidade do Santander. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)
Carolina Learth, head de Sustentabilidade do Santander, lembrou que a pauta ESG é protagonista. "É um tema para o governo, é um tema para o iniciativa privada e para as organizações do terceiro setor. O nosso país tem questões ambientais importantes e questões sociais tão importantes quanto, então a discussão ESG é contínua".
CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)
O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, disse que a companhia, uma das maiores do mundo na produção de alimentos, alia-se ao ESG a partir do momento que integra toda a cadeia produtiva aos três pilares: sustentabilidade, responsabilidade social e governança. Para o executivo, trata-se de um preceito fundamental aos negócios.
"Hoje, temos um programa para reduzir e capturar emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Também montamos 16 escritórios verdes que têm o objetivo de aumentar práticas mais sustentáveis e mais produtivas aos nossos fornecedores e parceiros. É um programa que visa aumentar a produtividade e também preservar o meio ambiente e a biodiversidade, e garantir o reflorestamento".