Agenda ESG deve ser considerada prioridade para o desenvolvimento econômico, dizem empresários
LIDE TALKS ESG reuniu virtualmente lideranças corporativas para debater as transformações do mercado e as oportunidades advindas do ESG.
Matthew Govier, da Accenture, disse que mudanças são gradativas, mas já notadas. (Foto: Reprodução)
A agenda ESG (Environmental, Social and Governance) deve ser tratada como prioridade para o desenvolvimento econômico mundial, segundo empresários que participaram do LIDE TALKS nesta quarta-feira (12). O evento reuniu virtualmente lideranças corporativas para debater o tema e as oportunidades de negócio.
"Um pedaço da sociedade parece que ainda não entendeu o que ocorre no mundo e a dimensão dos nossos desafios. No aspecto Brasil, a situação é preocupante. Daqui a pouco, colocamos o nosso país fora do jogo no critério sustentabilidade", alertou Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade.
O diretor de Sustentabilidade da Accenture, Matthew Govier, considerou que a mudança de comportamento é gradativa e, hoje, já é possível notá-la, mesmo de que maneira incipiente.
"Pesquisas mostram que mais de 80% dos consumidores estão exigindo produtos mais sustentáveis. Isso é um tema chave. Tem empresas do mundo inteiro fazendo compromissos voluntários. Temos metas de redução de emissão de carbono, aumento de fundos verdes. Também tem um aumento de pressão regulatória. Tudo isso está afetando mercado".
Para Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, a humanidade tem hoje grandes desafios: a população que cresce e adaptação do planeta para alimentar essas pessoas - até 2050 serão 2 bilhões de habitantes adicionais no mundo. Além disso, há a preocupação no contexto das mudanças climáticas.
"Nós vamos zerar o balanço de emissão de efeito de gás estufa em toda a nossa cadeia, que vai desde a fazenda até a casa do consumidor. É uma meta desafiadora, mas mobiliza a companhia como um todo. A trajetória da mudança climática é perigosa. A floresta amazônica pode virar uma savana".
Stéphane Engelhard, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Carrefour, avaliou que o consumidor brasileiro ainda é incipiente na preocupação com toda a cadeia de produção do bem que consome. "Esse interesse é relativamente novo e é muito mais presente nos mercados mais maduros", considerou.
Gilberto Tomazoni lembrou dos desafios e as prioridades da sociedade. (Foto: Reprodução)
Segundo Engelhard, o grupo Carrefour no Brasil tem como meta reciclar 70% de todos os resíduos produzidos pelas unidades da empresa no país - atualmente esse índice está em 50%. Da mesma maneira, a empresa tem como meta mundial não comprar soja de áreas de desmatamento e ser carbono neutro em alguns anos.
Karine Bueno, head de Sustentabilidade do Santander, lembrou que, há dois anos, 31 trilhões de dólares já giravam em torno dos preceitos do ESG na tomada de decisão. "Desde então, a gente viu o mercado ESG crescer muito. Os investidores passaram a se preocupar ainda mais com isso [para estabelecer aportes]".
"Mas não adianta querer uma empresa preocupada com a questão dos resíduos, se as metas delas não terem nada a ver com os suas idealizações e ações na prática", disse.
Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade, fala sobre as mudanças de hábitos. (Foto: Reprodução)