Em três anos, cresce em 77% o número de que organizações que relatam suas emissões de gases de efeito estufa, revela FGVces
Programa Brasileiro GHG Protocol contabiliza 539 organizações no Ciclo 2024.
Indústria de transformação foi o setor que mais aderiu ao Programa Brasileiro GHG Protocol. (Foto: Freepik)
O Programa Brasileiro GHG Protocol, coordenado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces), registrou a adesão de 539 organizações no ciclo 2024, o que representa um aumento de 24% em relação a 2023 e de 77% nos últimos três anos. O setor que mais cresceu, em termos absolutos, foi o da indústria de transformação, contabilizando um total de 152 organizações. O setor agropecuário foi um dos que mais cresceu em termos percentuais. Houve uma alta de 38% de organizações desse segmento no Programa em comparação com o ano anterior.
Além do alto número de organizações-membro, o Programa registrou mais um recorde: a marca de 986 inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE) publicados no Registro Público de Emissões (RPE), plataforma pioneira no país e hoje a principal referência para a divulgação voluntária de dados de emissão no nível organizacional, com milhares de inventários de centenas de organizações disponíveis em seu repositório.
“O crescente número de empresas pertencentes aos mais diversos setores relatando voluntariamente suas emissões de gases de efeito estufa indica um maior comprometimento das organizações brasileiras em demostrar transparência quanto à sua parcela de responsabilidade perante a problemática das mudanças climáticas e seus desdobramentos no mundo empresarial”, analisa Guilherme Lefèvre, pesquisador e gestor do Programa pelo FGVces.
Emissões de escopo 1, 2 e 3
As emissões de Escopo 1 (oriundas de fontes que pertencem e/ou são controladas pela organização) representam, para algumas categorias, uma parcela representativa das emissões nacionais, acima de 50% ou mais para algumas fontes. É o caso das emissões da categoria Processos Industriais, que refletem aproximadamente 90% das emissões nacionais para essa fonte.
Em termos de Escopo 2 (emissões indiretas de GEE provenientes da aquisição de energia elétrica e térmica), o montante relatado no Programa representa 25% do consumo nacional de eletricidade.
Finalmente, em termos de Escopo 3 (referentes a todas as outras emissões indiretas, entendidas como consequência das atividades da empresa, mas que ocorrem em fontes que não são de sua propriedade e/ou controle), atingiu-se o patamar de 1 bilhão de emissões, um marco simbólico que a relevância alcançada pelo Registro Público de Emissões para a agenda climática no País, considerando que este é o único banco de dados por meio do qual é possível acessar informações sobre emissões de GEE de forma desagregada, ou seja no nível organizacional.
Motivações, desafios e ambições
Muitas organizações não param nos diagnósticos, mas possuem metas para buscar reduzir suas emissões e impactos decorrentes. Mais da metade das organizações-membro do Programa possuem compromissos voluntários de mitigação, como relevou a sondagem sobre motivações, desafios e ambições das organizações em relação à gestão de emissões de GEE. Na indústria de transformação, esse percentual chega a 78%.
“Sabemos que é preciso fazer mais e avançarmos na conscientização e engajamento das organizações para que o relato de emissões e a adoção de metas voluntárias se tornem algo comum para um número cada vez maior de empresas no País. O esforço necessário é grande e o tempo para tanto é pouco. De acordo com o IPCC, é necessário realizarmos uma redução de 43% das emissões globais até 2030, para evitar impactos climáticos demasiadamente severos”, comenta Lefèvre.
Ainda sobre a sondagem, mais de 100 organizações indicaram possuir metas “net-zero”, por meio da qual a empresa busca neutralizar as suas emissões de GEE, removendo da atmosfera aquilo que ainda for emitido. A maioria (38%) busca alcançar esse objetivo em 2050. Para 26%, a meta “net-zero” deverá ser alcançada em 2030.
Das empresas com metas, somente 5% indicaram usar unicamente o crédito de carbono como meio para alcançar tal objetivo. 25% não fara uso desse mecanismo, 33% fará uso considerável e 38% pouco uso.