Varejo dá leve alívio a taxas curtas, e demais vértices têm viés de alta

Os juros futuros fecharam esta terça, 8, com viés de queda nos vencimentos curtos e intermediários, ainda na esteira da divulgação de números mais fracos de atividade doméstica, que podem abrir espaço para o começo do ciclo de redução da Selic. Os prazos mais longos, por outro lado, caminharam em sentido contrário, em leve alta e alinhados ao aumento no rendimento dos Treasuries.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou de 14,923% no ajuste anterior para 14,920%. O DI que vence em janeiro de 2027 passou de 14,200% no ajuste da véspera a 14,185%. O vértice de janeiro de 2028 terminou o dia em 13,440%, vindo de 13,457% no ajuste antecedente. Já o contrato de janeiro de 2029 subiu de 13,307% no ajuste de segunda-feira para 13,325%.

Nos vértices a partir de 2030, houve um movimento um pouco mais claro de elevação. O contrato de janeiro de 2030 avançou a 13,390% no fechamento, vindo de 13,343% no ajuste, e o DI de janeiro 2031 aumentou de 13,394% ontem no ajuste para 13,450%.

Cláudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos, observa que desde cedo os juros longos mostraram abertura, o que ele atribui a declarações a aliados feitas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de que não pretende se candidatar à Presidência da República em 2026 - o que é visto pelos agentes de mercado como uma notícia negativa, dada a preocupação com o quadro fiscal.

Já na segunda parte da sessão, diz Pires, a piora seguiu a curva dos EUA, onde um leilão primário de títulos de 3 anos e mais anúncios de tarifas comerciais pelo presidente Donald Trump pressionaram o rendimento dos Treasuries.

Às 18h08, o rendimento do título do Tesouro americano de dois anos oscilava ao redor da estabilidade, em 3,894%. O rendimento da T-note de 10 anos avançava a 4,406% e o do T-bond de 30 anos aumentava a 4,927%. "Desde a aprovação do pacote fiscal de Trump as taxas de médio e longo prazo dos EUA estão pressionadas, o que afeta as taxas locais e os mercados de forma geral", afirma Pires. Já na parte curta da curva, os números do varejo brasileiro frustraram as expectativas e aliviaram as taxas, aponta o sócio-diretor da MAG.

Publicada nesta terça pelo IBGE, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) mostrou que as vendas no varejo restrito caíram 0,2% entre abril e maio, feitos os ajustes sazonais. A mediana de 27 analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast apontava alta de 0,2%. Já o volume de vendas ampliadas subiu 0,3% na passagem mensal, ante previsão de avanço de 1%.

"Os juros curtos fecharam mais do que os longos. O que contribuiu para esse movimento foram os números de atividade, que abririam espaço para o Banco Central flexibilizar os juros um pouco antes", destaca Pires, ponderando que este não é o cenário da gestora de recursos. A MAG ainda vê permanência da Selic em 15% até o início de 2026.

Segundo os economistas Gabriel Couto e Rodolfo Pavan, do Santander, o desempenho do comércio ampliado foi a segunda surpresa negativa consecutiva em relação ao setor. No entanto, afirmam Couto e Pavan, a composição do dado evidencia menos sinais de fraqueza da atividade do que o índice agregado, uma vez que apenas três segmentos tiveram redução das vendas em maio, e houve uma forte queda no setor de atacarejo, que tem volatilidade elevada. "Continuamos a ver desaceleração gradual da atividade como o cenário mas provável à frente", avaliam os economistas.