Stella Li: “Este é um momento de extrema importância para a BYD nas Américas”
Vice-presidente executiva global da companhia afirma que as novas fábricas no Brasil vão permitir a introdução e a aceleração da eletromobilidade no país.
Stella Li é vice-presidente executiva global da BYD. (Foto: Divulgação)
Com o anúncio da abertura de seu mais novo complexo industrial, a greentech BYD - Build Your Dreams, maior fabricante de carros de energia limpa do mundo, se estabeleceu de vez na Bahia. A chegada da BYD no nordeste brasileiro representou um divisor de águas para a indústria automotiva nacional, que volta a investir e produzir no estado, desta vez fabricando veículos elétricos e híbridos com a mais alta tecnologia em um espaço simbólico e estratégico. Potência global de inovação tecnológica, a companhia pretende iniciar a operação de três fábricas ao mesmo tempo – um feito inédito – no complexo de Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador.
As três fábricas produzirão chassis de ônibus, caminhões elétricos, veículos de passeio elétricos e híbridos, e processar lítio e ferro fosfato. A partir de agora, a expectativa é iniciar a produção entre o fim de 2024 e o início de 2025, com capacidade instalada próxima dos 150 mil veículos por ano durante a primeira fase de implantação.
Em entrevista exclusiva à equipe do LIDE, Stella Li, vice-presidente executiva global da companhia, fala sobre o futuro e novos investimentos da BYD no Brasil.
A BYD espera alcançar no Brasil o mesmo sucesso que conseguiu na China e na Tailândia, mercado em que lidera. De que maneira?
As mudanças climáticas já causam transtornos reais na vida das pessoas e transformaram uma preocupação futura numa prioridade atual. O Brasil é um mercado estratégico para a BYD e possui um enorme potencial para uma mobilidade mais limpa e sustentável.
Em julho de 2023, anunciamos investimentos de milhões de reais no complexo de Camaçari (BA), que vai abrigar nossa primeira fábrica de automóveis fora da Ásia. Essa instalação está prestes a se tornar o maior centro industrial da BYD fora da China e é uma mensagem clara da confiança da empresa no mercado brasileiro com um investimento de longo prazo.
Além disso, a BYD investirá na criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Salvador com o objetivo de transformar a região no Vale do Silício brasileiro. A BYD é uma greentech voltada para a criação de soluções tecnológicas que melhoram a vida das pessoas. Hoje a empresa conta com mais de 90 mil engenheiros que trabalham em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços. A BYD solicita uma média de 19 patentes por dia e possui mais de 40 mil patentes registradas, das quais 28 mil são mundiais. Os veículos eletrificados da empresa circulam em mais de 70 países e em 6 continentes há mais de dez anos.
Quais os objetivos da empresa a longo prazo no país tendo em vista todos os seus negócios?
A missão da BYD é criar inovações tecnológicas para uma vida melhor, concentrando-se em fornecer soluções energéticas com emissão zero para reduzir a dependência global de combustíveis fósseis. A empresa pretende liderar a transição da eletrificação no transporte, remodelando a indústria de energia e mobilidade no Brasil e em todo o mundo.
O crescimento nas vendas de carros da BYD reflete a preocupação com o meio ambiente e a demanda por veículos mais tecnológicos, confortáveis e eficientes. O BYD Dolphin foi um marco na indústria automotiva brasileira, aliando modernidade com um preço acessível. Nós continuaremos trabalhando para entregar tecnologia de ponta ao Brasil.
Qual será o papel do complexo fabril de Camaçari, na Bahia, nesse processo?
A entrada oficial da BYD no Nordeste do Brasil é um importante impulso para a indústria automotiva nacional. Sinaliza o retorno do investimento e da produção na Bahia, desta vez focado em veículos elétricos e híbridos com tecnologia avançada. A produção local permitirá preços ainda mais competitivos e oferecerá aos brasileiros, apaixonados por carros, a oportunidade de ter um veículo elétrico na garagem. O Complexo de Camaçari terá capacidade para produzir 150 mil carros por ano em uma fase inicial e estimulará o mercado automotivo e a economia local, com expectativa de criação de milhares de empregos.
Qual o valor dos investimentos, quanto se espera movimentar e quais outros mercados a companhia busca a longo prazo?
A BYD já investiu mais de 65 milhões de reais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil, principalmente na área de energia renovável, com nossos painéis solares. Agora, anunciamos um novo investimento de 3 bilhões de reais para a construção do Complexo de Camaçari, na Bahia.
Como potência global de inovação tecnológica, a BYD opera em seis continentes. Acreditamos que o processo de eletrificação da frota é irreversível e vai se expandir globalmente, contribuindo para a nossa ambiciosa missão de ajudar a reduzir a temperatura da Terra em 1°C.
Qual a preocupação da empresa e como ela tem trabalhado na capacitação de mão de obra e transferência de tecnologia neste momento?
A BYD vai contribuir diretamente para o desenvolvimento regional, priorizando fornecedores locais em toda a cadeia produtiva. A empresa também fornecerá treinamento e qualificação para mão de obra especializada que será necessária na fábrica. Vamos integrar os centros de pesquisa e desenvolvimento da China com cientistas e engenheiros brasileiros para desenvolver tecnologias locais.
Como avalia o potencial da eletrificação no Brasil até o final da década? O que podemos esperar em relação a novas tecnologias e propostas para a descarbonização?
O potencial é enorme, mas o Brasil não pode perder tempo. Para ilustrar, a BYD levou 13 anos para produzir 1 milhão de veículos de energia limpa e apenas 3 meses para passar de 5 a 6 milhões de unidades produzidas. Isso mostra como a empresa se desenvolveu e está totalmente preparada para atender ao crescimento da demanda em todo o mundo.
As alterações climáticas não conhecem fronteiras e temos orgulho em ter projetos focados na causa do aquecimento global em mais de 70 países. Não há melhor exemplo desse compromisso do que o nosso trabalho no Brasil, uma nação privilegiada com a floresta amazônica e que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta.
A BYD está otimista com a possibilidade de novos incentivos para a mobilidade verde no Brasil. A empresa acredita que políticas como o Rota 2030 e outras iniciativas focadas na sustentabilidade desempenharão um papel crucial no desenvolvimento do setor de veículos elétricos. OS incentivos podem aumentar a procura por veículos elétricos e acelerar a transição para uma mobilidade mais limpa e sustentável.
Com a sustentabilidade em seu DNA, quais outras frentes ESG a companhia atua?
A BYD é uma empresa de tecnologia verde com a missão de criar inovações tecnológicas para uma vida melhor. Dedica-se a fornecer soluções energéticas com emissão zero, reduzindo a dependência global de combustíveis fósseis e envolvendo a captura de energia solar. A principal e ousada missão é ajudar a diminuir a temperatura da Terra em 1°C, utilizando para isso o ecossistema criado pela companhia, que inclui a fabricação de painéis solares, baterias de armazenamento e veículos elétricos. Em abril de 2021, a BYD aderiu ao Pacto Global da ONU, uma iniciativa para mobilizar a comunidade empresarial internacional na adoção e promoção dos Dez Princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Em março de 2022, tornou-se a primeira empresa automotiva do mundo a interromper oficialmente a produção de veículos exclusivamente com motores a combustão.
A BYD já mira ativos de mineração de lítio no Brasil, como será essa operação e quais áreas poderemos ver a BYD atuar no Brasil?
A equipe da BYD está avaliando possibilidades de investimentos estratégicos na extração de minério em algumas regiões do Brasil. Esses projetos serão oportunamente anunciados quando concretizados.