Serviços para o Dia das Crianças sobem mais que a inflação nos últimos 12 meses
Enquanto o IPC-DI acumulou aumento de 4,16% nos últimos 12 meses, os serviços para o Dia das Crianças aumentaram em média 5,45%.
Consumo dos itens onera o orçamento das famílias. (Foto: Divulgação)
Em um cenário onde o nível geral de preços começa a desinflar, graças à redução de preços de alimentos e bens duráveis, a cesta de 11 serviços dentre os mais procurados para o Dia das Crianças sofreu uma inflação acima da média geral. Enquanto o IPC-DI acumulou aumento de 4,16% nos últimos 12 meses, os serviços para o Dia das Crianças aumentaram em média 5,45%. O cenário poderia ser pior não fosse a cesta de presentes, capitaneada sobretudo por bens duráveis, que subiu apenas 0,12% em média nos últimos 12 meses.
Além do cinema (8,02%), os serviços mais afetados foram os de alimentação, como refrigerantes fora de casa (6,64%), doces e salgados fora de casa (6,18%) e sanduíches fora de casa (5,98%). O pesquisador do IBRE Matheus Peçanha aponta que esse setor é um dos principais grupos que ainda puxam a inflação:
“Desde o fim da pandemia, o setor de serviços, em geral, e particularmente esses serviços de alimentação, tiveram sua demanda normalizada e até incrementada, e puderam repassar custos que represados em um primeiro momento e começar a ganhar margem com a manutenção do ritmo da demanda, gerando essa aparente contradição de uma conjuntura com alimentos em queda livre mas com serviços de alimentação inflando”.
Pelo lado dos presentes, a cesta dos 11 produtos mais tradicionais teve um aumento tímido de 0,12%. Esse número baixo se deve, sobretudo, às quedas de preço de diversos bens duráveis como computadores e periféricos (-3,78%), aparelhos celulares (-3,02%), televisores (-1,75%) e bicicletas (-0,48%). Peçanha comenta que esse é o efeito esperado da política monetária restritiva dos últimos meses:
“A conjuntura de juros altos afeta a inflação primeiramente através desse canal de consumo de bens duráveis e, mesmo com o recente afrouxamento paulatino da política monetária, a conjuntura ainda é restritiva, o que deve manter esse ritmo de queda nos preços por mais alguns meses”.
Em contrapartida, os bens semiduráveis como livros (10,16%), calçados infantis (8,02%) e roupas infantis (6,27%) contribuíram para o aumento desse grupo, com altas, inclusive, superiores às do setor de serviços.
Para Peçanha, é um momento de cautela. “A condição do mercado de trabalho está bem melhor que há um ano, mas os preços, sobretudo de serviços, ainda corroem muito a renda das famílias. Com isso, a realização desse consumo fica muito onerosa para muitos pais, ainda que expectativa por parte do comércio seja bem positiva e haja realmente motivos para isso”.