Quase 50% dos micro e pequenos industriais acreditam na melhora de seus negócios no próximo mês, diz pesquisa SIMPI
Otimismo foi motivado, também, pelo nível de satisfação dos líderes do setor, que passou de 121 para 127 pontos.
Líderes da micro e pequena indústria estão mantendo uma perspectiva otimista. (Foto: Unsplash)
Os resultados da 8ª rodada do Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria, encomendada pelo SIMPI e realizada pelo Datafolha entre os meses de junho e julho de 2023, lançam luz sobre um cenário empresarial com traços encorajadores. Apesar das taxas de juros persistentemente elevadas, os líderes da micro e pequena indústria estão mantendo uma perspectiva otimista sobre do futuro de seus empreendimentos.
De acordo com os números revelados na rodada, quase metade dos entrevistados, totalizando 49%, acredita firmemente que a situação de suas empresas vai melhorar no próximo mês. Paralelamente, 39% projetam uma trajetória de estabilidade, enquanto 8% admitiram preocupações sobre os rumos futuros.
O intervalo entre junho e julho de 2023 apresentou melhora de uma base deteriorada no índice de produção e prestação de serviços, passando de 48% para 52%, marcando o pico anual até então. Em paralelo, o nível de satisfação das Micro e Pequenas Indústrias experimentou uma mudança de 121 pontos no bimestre anterior para os atuais 127 pontos, em uma escala de avaliação que vai até 200 pontos.
Acesso ao crédito
Contudo, não obstante essas melhoras, há obstáculos relevantes que continuam a influenciar o setor, particularmente quando se aborda o acesso ao crédito. No mês anterior, quase 40% das companhias que buscaram recursos por meio de empréstimos ou financiamentos esbarraram na negativa, destacando a persistência de barreiras inerentes ao ambiente empresarial.
No epicentro dessas preocupações está a taxa de juros, apontada por 44% dos empresários da micro e pequena indústria como a principal barreira à obtenção de crédito. Além desse ponto central, 26% apontaram a insuficiência de opções adequadas em termos de linhas de crédito, 9% salientaram restrições vinculadas a passivos anteriores, enquanto 8% citaram a necessidade de garantias como entrave. Por outro lado, apenas 2% consideraram o prazo de pagamento como um fator crítico.
O panorama é claro: quase metade das empresas brasileiras continua a enfrentar desafios consideráveis decorrentes das taxas de juros elevadas. Quanto ao futuro, a pesquisa revela que 37% dos entrevistados vislumbram um declínio nas taxas de juros, enquanto 30% acredita em um aumento.
Nesse contexto, Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria, enfatiza que a redução de meio ponto percentual na taxa Selic não é suficiente para aplacar a situação do setor. “Enquanto as taxas básicas podem encerrar o próximo ano em torno de 12%, enfrentamos um contexto onde as taxas de crédito para pessoa jurídica que estão em dia flutuam entre 60% e 80% ao ano. A discrepância é notável e coloca um peso considerável sobre o setor, requerendo uma abordagem mais abrangente para verdadeiramente impulsionar o crescimento e aliviar os desafios enfrentados pelas pequenas e médias empresas", ressalta o presidente.