Participação das fintechs cresce na gestão de patrimônio na América Latina

De 2022 ao ano passado, o avanço dessas empresas foi de oito pontos percentuais, enquanto as corretoras e as instituições financeiras tradicionais regrediram respectivamente 18 e 16 pontos percentuais, de acordo com estudo da EY.

ey-chen-2Chen Wei Chi, sócio de transformação digital e inovação para serviços financeiros da EY. (Foto: Divulgação)

As fintechs estão em franco crescimento na gestão de patrimônio, de acordo com a nova edição do Global Wealth Research Report, produzido pela EY. “Na comparação com o estudo anterior, de 2022, essas empresas cresceram oito pontos percentuais na preferência dos investidores, chegando a 18% no ano passado”, diz Emerson Morelli, sócio de auditoria e líder da EY para o setor de Wealth and Asset Management. Por outro lado, as corretoras e as instituições financeiras tradicionais, que oferecem um serviço completo em gestão de patrimônio, caíram respectivamente 18 e 16 pontos percentuais. As corretoras saíram de 30% para 12% nesse ranking de preferência, enquanto as instituições financeiras tradicionais foram de 53% para 37%.

No total, foram entrevistados 153 investidores latino-americanos (60 brasileiros), que fizeram parte de uma amostra global de 3.587 respondentes. Em termos de patrimônio, os investidores foram divididos em quatro segmentos, começando em US$ 250 mil e terminando em mais de US$ 30 milhões. Três gerações foram contempladas: millennials ou Y, X e Baby Boomer.

“A tecnologia e a digitalização criaram oportunidades para o surgimento de novos players em todos os setores da economia. No mercado financeiro, isso permitiu que os novos entrantes surgissem com uma gama variada e inovadora de produtos e serviços cada vez mais atrativos, o que chamou a atenção da clientela, principalmente dos mais jovens. Com isso, as instituições financeiras tradicionais passaram a agir com rapidez para manter tudo aquilo que construíram até agora”, observa Chen Wei Chi, sócio de transformação digital e inovação para serviços financeiros da EY. "O que tem feito a diferença para a ascensão das fintechs é, além da regulação que impulsionou esse segmento, o alto volume de investimento recebido por elas, permitindo que possam ganhar escala nos seus mercados de atuação", completa.

Nos últimos dez anos, as fintechs brasileiras receberam US$ 10,4 bilhões em investimentos, segundo relatório do Distrito. Esse valor corresponde a mais de 66% dos recursos recebidos pelas empresas desse segmento na América Latina. Como principal mercado, o Brasil também concentrou mais da metade das rodadas, com 1.034 deals. Na América Latina, o setor conta atualmente com 2.712 fintechs ativas, sendo que a maior parte no Brasil, com 58,7% dessas empresas, seguido pelo México, com 20,7%.

Uso intensivo de tecnologia

Em 2018, o Banco Central contribuiu para impulsionar esse mercado ao instituir duas modalidades de instituições financeiras voltadas para fintechs: SCD (Sociedade de Crédito Direto) e SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas). As fintechs são conhecidas pelo potencial de transformar o cenário financeiro por meio do uso intensivo da tecnologia aplicada para customizar ou personalizar o atendimento oferecido a pessoas físicas e jurídicas.

Essa, aliás, tem sido a tendência entre as instituições financeiras com a ascensão do Beyond Banking. Os aplicativos dos bancos estão se tornando super apps para oferecer uma série de serviços que vão muito além de crédito, investimentos e seguros. O novo portfólio inclui ofertas não financeiras, reunindo compras, mobilidade, educação, telefonia móvel, entre outras. O objetivo é atender a diversas necessidades dos clientes, criando assim fontes de receita. Nesse contexto, a hiperpersonalização tem sido considerada imprescindível pelo mercado – até mesmo como forma de se antecipar às necessidades dos clientes.