Investidor busca stablecoins para se proteger da volatilidade do mercado cripto
O volume total de transações de stablecoins no ano passado ultrapassou US$ 7 trilhões, aumento de 23% em relação a 2021, de acordo com a plataforma CoinMarketCap.
O volume total de transações de stablecoins no ano passado ultrapassou US$ 7 trilhões, aumento de 23% em relação a 2021, de acordo com a plataforma CoinMarketCap. (Foto: Unsplash)
Nas últimas 24 horas, valor equivalente a R$ 143,5 bilhões foi negociado da stablecoin Tether, considerada a maior do mundo. No ano passado, o volume de transações de stablecoins alcançou US$ 7,4 trilhões, aumento de 23% em relação a 2021.
Esses números, provenientes da plataforma CoinMarketCap, demonstram a relevância desses criptoativos, embora o volume de negócios tenha diminuído em 2023 por causa de uma série de fatores, com destaque para as taxas de juros crescentes, inclusive nos Estados Unidos, e maior controle sobre as operações de criptoativos por parte dos reguladores do mercado de capitais. Esse movimento tem reduzido para os investidores a atratividade das stablecoins, cuja característica é não pagar juros.
As stablecoins funcionam como um refúgio à elevada volatilidade de outros criptoativos, como as criptomoedas, além de aumentarem a liquidez do mercado de cripto como um todo. Aquelas lastreadas em moedas fiduciárias, como dólar americano, euro ou real, possibilitam ao investidor entrar ou sair do mercado cripto rapidamente. Isso porque ele não precisa trocar o bitcoin ou o ether por dinheiro físico, podendo, em vez disso, substituí-lo por uma stablecoin lastreada em dólares. As stablecoins estão, portanto, atreladas ao valor de um ativo subjacente e foram criadas para ser alternativa segura à alta volatilidade de criptoativos não lastreados, como as criptomoedas. Podem estar assim lastreadas na proporção de um para um com moedas fiduciárias ou com ativos como metais preciosos, commodities e até mesmo criptomoedas.
No caso da moeda fiduciária, para cada token emitido em blockchain, a Tether armazena US$ 1 em suas reservas, já que a paridade é de um para um com essa stablecoin. Isso garante que 1 USDT (sigla da Tether) valerá sempre US$ 1. Essa mesma dinâmica vale para todas as outras stablecoins, incluindo a PAXG (Pax Gold), que está lastreada em ouro, com cada token valendo uma onça de ouro.
As stablecoins estão divididas da seguinte forma:
1) Fiat-backed
É o tipo mais comum de stablecoin. Seu colateral é a moeda fiduciária, como dólar americano ou euro, que deve permanecer em reserva com um emissor central ou instituição financeira e no valor proporcional ao número de tokens de stablecoin em circulação. São as mesmas características da Tether já mencionadas.
2) Crypto-backed
Essa é a stablecoin lastreada em uma criptomoeda. Para que isso seja possível, o usuário precisa bloquear sua criptomoeda colateral em um contrato inteligente ou smart contract. Ao pagar as stablecoins de volta no mesmo contrato inteligente, o usuário é habilitado a retirar sua garantia original (a criptomoeda correspondente).
3) Commodity-backed
São stablecoins lastreadas por outro ativos intercambiáveis, como ouro, petróleo, imóveis e metais preciosos. Os detentores de stablecoins lastreadas em commodities possuem um ativo tangível, de valor real. O valor da stablecoin é derivado do valor desse ativo subjacente. Esse tipo de stablecoin abre aos investidores de varejo novas possibilidades de investimento (como real estate em países estrangeiros).
Stablecoins de instituições financeiras
Instituições financeiras como Société Générale, BTG Pactual e PayPal lançaram suas próprias stablecoins neste ano.
O Société, um dos maiores bancos europeus, criou a CoinVertible (EURCV), stablecoin atrelada ao euro que é oferecida a clientes institucionais como uma forma de integrar o mercado tradicional de capitais e o de ativos digitais.
Já o BTG lançou a primeira stablecoin (BTG Dol) lastreada em dólar americano emitida por um banco no mundo, com o objetivo de garantir aos investidores uma forma simples, rápida e segura de alocar patrimônio nessa moeda estrangeira. Os investimentos para aquisição da stablecoin podem ser feitos a partir de R$ 100.
Por fim, o PayPal, visando ao mercado de pagamentos digitais, optou por sua própria stablecoin, a PayPal USD (PYUSD), para explorar a oferta de transferências instantâneas de baixo custo e sem intermediário central.
A Paxos, empresa de blockchain que emite essa stablecoin, reportou, em documento divulgado em setembro, que US$ 45,3 milhões em ativos acumulados garantem o lastro da PYUSD, cujo valor de mercado total é de US$ 44,3 milhões, de acordo com a plataforma CoinGecko. Ao comparar os números citados, é possível dizer que a stablecoin está totalmente garantida por meio das reservas acumuladas.