Em Londres, políticos, empresários e investidores internacionais falam sobre reformas brasileiras
Setor financeiro demonstra preocupação sobre imposto unificado e relatores garantem que a burocracia será reduzida sem que isso signifique aumento de custos para o consumidor.
Setor financeiro demonstra preocupação sobre imposto unificado e relatores garantem que a burocracia será reduzida sem que isso signifique aumento de custos para o consumidor (Foto: Divulgação)
O Brasil tem o pior sistema tributário do mundo. Foi com essa frase que o relator da Reforma Tributária no Senado, Roberto Rocha, iniciou o discurso para mais de uma centena de empresários e investidores reunidos na One Great George Street, em Londres, em seminário promovido pelo Lide UK. Além de Rocha, fizeram parte dos debates o relator da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, o presidente do Lide UK, Breno Silva, o CEO da Canning House, Jeremy Browne, a presidente do Brazilian Chamber of Commerce, Vera Dantas Innes, o sócio do escritório Pinheiro Neto, Marcelo Roncaglia, o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, e o sócio da Arko Advice, Lucas de Aragão.
O seminário “Brasil e a Agenda de Reformas” abordou os detalhes da nova regra fiscal e seu impacto na economia brasileira, a reforma tributária e seu potencial para simplificar o ambiente de tributação do país e o ambiente político para a implementação dessas reformas e a continuidade do processo de reformas. A expectativa é de que o plenário do Senado analise a matéria na primeira quinzena de novembro, para que a PEC retorne à Câmara e possa ser promulgada até o fim do ano.
No evento, empresários discursaram sobre o sistema tributário brasileiro (Foto: Divulgação)
O texto da Reforma propõe a extinção de cinco impostos, entre eles o ICMS (estadual) e o ISS (municipal), e a criação de dois tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será destinado a estados e municípios, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que ficará a cargo da União. Uma das grandes preocupações do setor financeiro foi exposta pelo economista Adolfo Sachsida, presidente do Conselho Consultivo da Tecnobank, sobre a importância de empresas ligadas ao setor estarem no mesmo regime tributário, para que se reduza a burocracia sem aumentar o custo ao consumidor - o que reduziria o poder de compra do brasileiro e afastaria os investimentos estrangeiros no país.
De acordo com Aguinaldo Ribeiro, os serviços financeiros, assim como outras atividades que possuem impacto direto na vida das pessoas, foram especialmente pensados para que as novas medidas não interfiram no crédito para o consumidor. "Isso deverá ser preservado no texto constitucional", afirmou o deputado. Sachsida elogiou a preservação do ciclo de crédito, para que a economia brasileira mantenha estabilidade mesmo em momentos como agora, em que os juros estão subindo no mercado internacional. "Isso é um grande alívio para o mercado financeiro e para as empresas brasileiras", ressaltou o ex-ministro de Minas e Energia.
O presidente do Lide UK, Breno Silva, destacou a importância do evento para a manutenção dos investimentos estrangeiros no Brasil. “A discussão sobre assuntos que interferem diretamente na economia do país ajuda a criar um ambiente de negócios seguro e dinâmico, que promove mais investimentos e colaborações internacionais. Londres é um hub econômico global e o público presente no seminário veio em busca de informações sobre o que pode esperar dessas reformas e como elas podem impactar seus negócios”.