Em 1 mês, podemos começar discussões comerciais para adotar 10% de etanol, diz Danilo Veras

A Maersk está em fase de testes de uso de 10% de etanol no total de combustíveis de seus navios. Essa mistura já se mostrou viável do ponto de vista operacional e, passado o período de experimentos, a empresa deve partir para discussões comerciais com produtores brasileiros. "As discussões serão voltadas para a sustentabilidade, quem for nos fornecer precisa provar ser sustentável", afirma o vice-presidente de Políticas Regulatórias da Maersk na América Latina, Danilo Veras.

O vice-presidente sênior, responsável pela área de Transição Energética da companhia, Morten Bo Christiansen, afirma que o uso do etanol pode chegar a até 100% e considera que o fato da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) ter adiado na última semana a implementação da proposta de Net-zero para o setor em um ano atrasa as discussões no setor, mas não muda os planos da empresa.

Se toda a navegação usar essa mesma mistura de 10% de etanol em seus combustíveis, seriam necessários 30 milhões de toneladas de etanol, ou 50 bilhões de litros. A Maersk tem hoje 15% desse mercado, com 17 navios já habilitados com a tecnologia flex da Everllance. Em até um ano, serão 25 desses navios na frota.

Veras deixou claro que a escala do uso desse combustível não se dará se isso significar desmatamento. Ele disse que as discussões agora devem se voltar para certificações de sustentabilidade no uso da terra e formas de comprovar os benefícios do etanol brasileiro.

Segundo o vice-presidente de Novos Negócios da Atvos, Caio Dafico, o etanol brasileiro emite cerca de 80% a menos de carbono em sua produção do que o bunker (combustível tradicional de navegação). Ele afirma ainda que é possível quadruplicar a produção brasileira sem desmatamento, com uso de terras já voltadas para o agronegócio, apenas intensificando a produção.