Com Nova York, Ibovespa sobe 1,35%, a 140,9 mil pontos, em nova marca recorde

O Ibovespa escalou mais um degrau em sua trajetória de renovação de máximas históricas, superando marca intradia de 27 de maio e também a de fechamento, estabelecida na sessão do dia 20 daquele mesmo mês, ambas na casa dos 140 mil pontos.

Nesta quinta-feira, 3, o índice da B3 foi aos 141 mil, alcançando durante a sessão o recorde de 141.303,55 pontos e, no encerramento, ficou um pouco abaixo do limiar, aos 140.927,86, em alta de 1,35%. O giro mostrou-se acomodado, hoje a R$ 16,5 bilhões, limitado pela sessão mais curta em Nova York nesta véspera de feriado pela Independência dos Estados Unidos. Na semana, o Ibovespa avança 2,97% e, no mês, registra alta de 1,49% - no ano, o índice sobe 17,16%.

O desempenho histórico foi obtido mesmo sem apoio de Vale ON, a principal ação da carteira, que fechou o dia em baixa de 0,47%. Contudo, a sessão na B3 foi amplamente positiva para as ações de primeira linha, com destaque para os grandes bancos, como Bradesco (ON +2,12%, PN +2,38%) e Itaú (PN +2,47%), e para Petrobras (ON +0,46%, PN +0,34%). Apenas nove ações da carteira teórica do Ibovespa, de 84 papéis, chegaram ao fim da sessão no campo negativo. Na ponta ganhadora, Engie (+4,49%), Embraer (+4,42%), CVC (+4,18%) e Azzas (+3,74%). No lado oposto, BRF (-2,19%), Fleury (-1,46%), MRV (-1,44%) e Ambev (-1,25%).

"Foi um dia de propensão a risco, mas com volume reduzido pela proximidade do feriado americano, com destaque para o resultado bem acima do esperado para a geração de emprego nos Estados Unidos. Nos próximos dias, deve haver novidade com relação a acordos comerciais dos EUA, e a questão parece que não voltará a ter a tensão e gravidade que se viu lá no início de abril", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus, destacando também a aproximação da data final, em 9 de julho, para que os parceiros da maior economia do mundo fechem entendimentos sobre tarifas.

"Um fator que chama atenção nesses últimos dias de alta do Ibovespa é o volume de negociação abaixo da média, o que pode indicar certa cautela por parte dos investidores. Ao mesmo tempo em que muitos veem um momento adequado para se antecipar na tomada de risco, outros ainda estão aproveitando as altas taxas da renda fixa, o que contribui para que o volume fique reduzido", pondera Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.

Hoje, a forte leitura oficial sobre a geração de vagas de trabalho nos Estados Unidos em junho, divulgada pela manhã, acendeu o apetite por risco desde Nova York, onde na sexta-feira, em razão do feriado, não haverá negócios. Apesar de o resultado não ter sido tão favorável à perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve, o mercado se animou pelo sinal de que a economia dos EUA segue com vitalidade no mercado de trabalho, motor do consumo doméstico. Assim, em NY, os principais índices fecharam em alta de 0,77% (Dow Jones) a 1,02% (Nasdaq).

"O relatório de emprego indicou que os Estados Unidos criaram 147 mil vagas de trabalho não agrícolas em junho, resultado bem acima das expectativas do mercado. E houve uma revisão altista de 16 mil vagas em abril e maio", aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Ele acrescenta que a taxa de desemprego recuou de 4,2% para 4,1%, quando se previa uma alta, para 4,3%. Mas o salário médio por hora trabalhada, observa o economista, mostrou uma dinâmica "mais comportada" ao ter avançado 0,2% de maio para junho, com variação anual de 3,7% - ainda assim, um ritmo que corresponde ao dobro da meta de inflação do Federal Reserve, diz Sung.

"A desaceleração salarial reforça a expectativa de corte de juros pelo Fed ainda este ano. O próprio Jerome Powell presidente do Fed já comentou que um ritmo de crescimento em torno de 3,5% ao ano seria compatível com a meta de inflação. Com os salários se aproximando desse nível, a pressão sobre os preços parece menor", avalia em nota Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, acrescentando que a aposta quanto a corte de juros pelo Fed em setembro, como primeiro passo de um ciclo de flexibilização, continua a ganhar força. "A dúvida é se haverá um segundo corte ainda este ano, o que dependerá da trajetória dos dados até outubro e dezembro", diz.