Múcio defende previsibilidade no orçamento da Defesa e destaca papel das Forças Armadas

Durante evento com empresários, ministro e comandantes das Forças Armadas ressaltam importância da PEC da Previsibilidade, apontam desafios operacionais e afirmam compromisso com a paz e a Constituição.

Imagem do WhatsApp de 2025-05-05 à(s) 14.45.25_eebe2919Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defende PEC da segurança e papel institucional das Forças Armadas. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Durante a terceira edição do Almoço Empresarial do Grupo LIDE deste ano, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu a Proposta de Emenda Constitucional da Previsibilidade, que prevê a destinação fixa de um percentual da receita corrente líquida para a área de defesa. Segundo ele, "a defesa não é um tema político". E acrescentou: "Você não conhece um senador que representa a defesa, um deputado que representa a defesa".

O ministro argumentou que o orçamento atual, de aproximadamente R$ 120 bilhões, é composto quase totalmente por despesas obrigatórias como salários e manutenção. “Se você tirar dinheiro da defesa, não tem quem vá reclamar”, afirmou. Para ele, a PEC garantiria continuidade a projetos estratégicos e nacionais, independentemente de vontades pessoais ou partidárias: “Defesa é imune a mandatos”.

Durante sua fala, Múcio fez questão de enfatizar que as Forças Armadas são instituições do Estado e não de governos.

“Está lá na Constituição: o comandante chefe das Forças Armadas é o presidente da República. A defesa é para o Estado.” Ele criticou a tradição de partidarização militar em países da América Latina e reforçou: “Nós não queremos nem militares participando de política, nem políticos participando de vida militar para não se pensar em golpe contra golpe”.

Sobre o papel das Forças Armadas no cotidiano do país, Múcio declarou: “É a mão de obra mais rápida, mais eficaz, mais eficiente e mais barata que esse país tem”. Citou como exemplo a mobilização de milhares de soldados e equipamentos durante tragédias climáticas no Sul e queimadas no Centro-Oeste, além do trabalho contínuo de proteção de fronteiras e comunidades indígenas. “Há dois anos, nós vigiamos Roraima como se fosse um quartel”, disse.

Imagem do WhatsApp de 2025-05-05 à(s) 14.58.42_92e15616Ministro alega que investimento na defesa do país representa um estímulo à indústria nacional. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

O ministro também alertou para o desconhecimento da população sobre essas ações: “A sociedade não conhece o trabalho que a defesa faz”, pontuou. E destacou a necessidade de ampliar o investimento na base industrial de defesa. “Essa PEC vai fazer com que caminhemos de forma melhor”, disse, observando que os recursos seriam voltados a equipamentos fabricados no Brasil e que a proposta representa também um estímulo à indústria nacional.

Ao final de sua exposição, Múcio resumiu seu posicionamento com uma frase que sintetizou o espírito de sua fala: “Nós somos o Ministério da Defesa da Paz”.

Imagem do WhatsApp de 2025-05-05 à(s) 14.58.41_f6102746Comandantes das três Forças brasileiras participaram do evento e reafirmaram a necessidade de investimento em suas áreas. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Durante o evento, os comandantes das três Forças também tomaram a palavra. O almirante Marcos Olsen destacou a importância do mar para a soberania e economia do país. “O Brasil é inviável sem o uso do mar”, afirmou. Ele lembrou que mais da metade da população vive na faixa litorânea, e que “noventa e sete por cento do nosso petróleo e gás são extraídos de campos offshore”.

O general Richard Nunes, representando o Exército, ressaltou a dimensão territorial e a centralidade do fator humano: “Nossa principal plataforma é o ser humano”. Para ele, a previsibilidade orçamentária é essencial para motivar novos quadros e planejar com responsabilidade o futuro da força terrestre. “Estávamos aqui agora pouco conversando sobre o míssil tático de cruzeiro. Somos capazes de desenvolver, mas por falta de recursos, vamos alargando prazos”, observou.

Já o brigadeiro Marcelo Damasceno, da Aeronáutica, apresentou dados que chamaram atenção dos empresários presentes. “Hoje a Força Aérea é a que tem o maior número de mulheres, vinte e dois por cento do efetivo”, disse. Ele celebrou a inauguração da primeira linha de montagem de jato supersônico no hemisfério sul e destacou: “Em novembro, receberemos o primeiro avião supersônico produzido no nosso país”.

Damasceno também lembrou o papel da FAB no controle do tráfego aéreo e em operações sociais, como o transporte de órgãos e o resgate de vítimas em áreas de risco. “Os céus do Brasil são muito seguros”, afirmou. E concluiu dizendo que o apoio à indústria nacional é prioridade: “Estamos de mãos dadas com a Embraer, viajando o mundo todo para mostrar as capacidades deste avião”.