'Eu não vendo turismo, eu vendo luxo', diz Alex Allard ao anunciar novo projeto no Rio
Empresário francês defende grandes parcerias público-privadas para regenerar centros urbanos e apresenta projeto no Porto Maravilha como novo marco da transformação urbana e cultural do Brasil.
Durante a Brazil Emirates Conference, realizada nesta segunda-feira (14) pelo LIDE em Dubai, o empresário Alex Allard, presidente do Grupo Allard, fez um apelo por ambição e estratégia na forma como o Brasil lida com o turismo e o desenvolvimento urbano. Conhecido por ter liderado o projeto Cidade Matarazzo, em São Paulo, Allard anunciou sua nova aposta: a revitalização do histórico Moinho Fluminense, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
“Eu não vendo turismo. Eu vendo luxo. Vendo emoção, momentos de vida — e o Brasil tem tudo isso como nenhum outro lugar do mundo”, afirmou.
Allard defendeu que o turismo contemporâneo deixou de ser sobre quartos de hotel ou passagens aéreas. Segundo ele, a nova geração busca experiências transformadoras, conexões com natureza, cultura e bem-estar. E é exatamente nesse ponto que o Brasil, com sua biodiversidade e diversidade cultural, deveria se posicionar como protagonista.
“Dubai e Abu Dhabi podem colocar trilhões de dólares na mesa — mas nunca conseguirão criar o que o Brasil tem de forma natural: alegria, beleza, diversidade, floresta e cultura viva”, destacou.
Apesar disso, ele criticou a falta de estratégia, de infraestrutura e de parcerias estruturantes nas cidades brasileiras:
“O Brasil tem menos turistas que o Irã. Metade do que a República Dominicana. Por quê? Por falta de apoio, de ambição, de visão integrada entre União, estados e prefeituras.”
Allard defende que grandes transformações urbanas só ocorrem com parcerias de grande escala. Para ele, pequenos projetos isolados — como hotéis desconectados da infraestrutura pública — tendem a fracassar ou a ter retorno muito lento. Ele propõe um novo modelo, como o que aplicou em São Paulo e que agora pretende levar ao Rio de Janeiro com um projeto de floresta urbana integrada ao tecido da cidade.
O novo empreendimento no Porto Maravilha, segundo Allard, vai unir arte, arquitetura, sustentabilidade e inovação, criando um ícone global de regeneração urbana, centrado na reconexão entre cidade e natureza. Inspirado na Mata Atlântica, o projeto prevê parques suspensos, biomas integrados, espaços culturais e áreas de convivência desenhadas para promover impacto positivo em toda a zona portuária.
“A cidade e a natureza precisam voltar a caminhar juntas. É esse o futuro do turismo, das cidades e da economia verde. O Rio pode ser o coração mundial dessa transformação”, concluiu.