Gestão de riscos ambientais ganha destaque como prioridade no procurement das empresas, aponta PwC

Estudo mostra que, com 94% das empresas adotando soluções de e-procurement, digitalização e ESG impulsionam transformações nessa área.

sócio da PwC Brasil, Rodrigo DamianoRodrigo Damiano, sócio da PwC Brasil. (Foto: Divulgação)

As empresas têm colocado a digitalização e a sustentabilidade no centro das estratégias da área de procurement, conforme aponta a quinta edição da Pesquisa Global Digital Procurement, conduzida pela PwC. O estudo entrevistou cerca de 1.000 empresas em 58 países e revela que a gestão de riscos ambientais é considerada um foco estratégico essencial para o setor nos próximos três anos. Entre as questões prioritárias estão a redução de emissões de gases de efeito estufa, o uso responsável de recursos naturais e o combate à poluição.

O sócio da PwC Brasil, Rodrigo Damiano, pontua que a transformação digital e a preocupação com ESG são mais que tendências de mercado. “Elas representam um novo padrão para o setor de compras. Empresas que adotam essas práticas garantem compliance e ganham vantagem competitiva ao criar valor sustentável e eficiente”, explica.

A priorização da gestão de riscos ambientais reflete o crescente compromisso das empresas com a sustentabilidade. Entre as iniciativas mencionadas, 59% dos departamentos de compras entrevistados pela pesquisa identificam a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) como foco principal, acompanhada de ações voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e combate à poluição em diferentes formas.

O estudo também revela que 50% das empresas já implementaram ou estão testando ferramentas específicas para monitoramento de emissões de CO2, como soluções de pegada de carbono em fornecedores. Esse dado revela um avanço expressivo em relação à edição do levantamento de 2022, quando apenas 27% das organizações afirmaram ter adotado tais tecnologias.

“Essas ações não apenas ajudam a atender regulamentações ambientais mais rigorosas, mas também contribuem para ganhos financeiros ao reduzir custos associados a multas e desperdícios, além de melhorar a imagem corporativa no mercado”, acrescenta Damiano.

Prioridades estratégicas refletem um novo panorama

A Pesquisa Global Digital Procurement mostra que o controle de custos continua liderando como a principal prioridade estratégica para 65% das empresas. Na segunda posição está a transformação digital, indicada por 46% dos participantes. “Esses dados refletem o momento das áreas de compras, especialmente em um contexto global marcado pela inflação e desafios geopolíticos e reforçam a necessidade de ganhos em eficiência e compliance em meio às adversidades”, analisa Rodrigo Damiano.

Na sequência da lista de prioridades estratégicas, a responsabilidade social corporativa (RSC) ganha maior importância em relação a edições anteriores e passa para a terceira posição, empatada com a seleção estratégica de fornecedores, ambas mencionadas por 35% das empresas. Esta preocupação reflete algum avanço para a RSC, que, em 2022, ocupava a quarta posição, indicada por 32% dos participantes, o que ajuda a evidenciar o impacto crescente de temas relacionados a ESG no setor de procurement.

Segundo a PwC, a conformidade regulatória surge como um desafio emergente para as áreas de compras, com empresas enfrentando requisitos cada vez mais rigorosos, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e regulamentações de faturamento eletrônico. Esse tema, citado por 35% dos respondentes como prioridade estratégica, ganhou destaque no ranking da pesquisa. “O compliance regulatório não é apenas uma questão de atender normas, é também uma oportunidade para as empresas se posicionarem de forma mais competitiva, garantindo maior transparência e eficiência em suas operações”, comenta Damiano.

Digitalização: caminho para eficiência e sustentabilidade

Como mencionado, entre as principais prioridades das áreas de procurement, conforme o estudo da PwC, a transformação digital se destaca, com 94% das empresas afirmando já usar soluções de e-procurement. De acordo com a firma, esses sistemas vão além da automação de processos e trazem benefícios como maior transparência, compliance e otimização de custos.

“Pequenas e médias empresas estão acelerando investimentos em soluções digitais, enquanto grandes corporações focam em consolidar e otimizar suas iniciativas existentes”, afirma Damiano.

Outro destaque da pesquisa na direção da digitalização é o crescente interesse em ferramentas de gestão do ciclo de vida de contratos (CLM). Conforme a pesquisa, cerca de 50% das empresas afirmaram que planejam implementar ou atualizar essas soluções nos próximos três anos, na busca por economias de tempo, redução de custos e maior conformidade contratual.

“A digitalização não é apenas sobre eficiência operacional. É também um facilitador para práticas de ESG, permitindo que as empresas monitorem sua cadeia de suprimentos e adotem uma abordagem mais responsável e sustentável”, complementa o sócio da PwC Brasil.

Futuro do procurement

Diante desse cenário de digitalização e com os resultados que têm sido alcançados, as áreas de compras das empresas estão com metas ambiciosas e, conforme o levantamento da PwC, esperam alcançar 70% de digitalização até 2027. Essa evolução não apenas reflete os movimentos por mais tecnologia e inovação já observados em outros setores, mas também reitera a crescente busca por integração de soluções sustentáveis nas operações. Nesse cenário, segundo Damiano, os departamentos de compras estão se transformando e estabelecendo novos padrões de competitividade que influenciam empresas em todo o mundo.

Área de compras do setor de Saúde lidera em sustentabilidade

A Pesquisa Global Digital Procurement, da PwC, trouxe ainda recortes por segmentos de mercado. Conforme o levantamento, a área de compras da Saúde, que abarca inclusive produtos farmacêuticos, tem se destacado nas questões ambientais. A pesquisa revelou que 75% das empresas desse setor consideram a gestão de riscos ambientais uma prioridade principal, um percentual acima da média geral de 59% observada nos demais setores. Nesse segmento, a implementação de ferramentas para monitoramento de emissões de CO₂ e a adoção de práticas de governança ambiental são amplamente difundidas, conforme o levantamento.